CURITIBA – O juiz Sérgio Moro autorizou a devolução do passaporte a Claudia Cruz, mulher do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A decisão do juiz contraria a posição da força-tarefa da Lava-Jato, que queria a manter o documento retido para evitar o risco de fuga da jornalista, acusada de receber parte da propina destinada a Cunha.
O passaporte de Claudia Cruz foi entregue pela própria defesa da jornalista em junho quando ela se tornou ré da Lava-Jato. A medida, na época, foi um sinalização de que ela estaria disposta a colaborar com a Justiça. Ao autorizar a devolução, na última quarta-feira, Moro atendeu iniciativa da defesa e afirmou que não há nenhuma medida restritiva contra ela nos autos do processo. A notícia de devolução do passaporte foi dada pela coluna de Lauro Jardim, do GLOBO.
?Não foi decretado por este juízo medida cautelar de proibição para que Claudia Cordeiro Cruz deixe o país. Considerando ainda o papel subsidiário da acusada no suposto esquema criminoso, não vislumbro razões concretas para estabelecer tal proibição, reputando remota o risco à aplicação da lei penal especificamente quanto a ela?, afirmou o juiz.
Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) disse que há risco de fuga de Claudia Cruz caso o passaporte dela fosse devolvido.
?Existe real possibilidade de Cláudia Cordeiro Cruz e/ou seus familiares manterem outras contas bancárias no exterior, havendo risco concreto de eventual fuga e utilização de ativos secretos ainda não bloqueados caso o passaporte seja devolvido?, diz um trecho documento encaminhado no último dia 15.
Claudia Cruz responde pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. De acordo com as investigações, ela foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido. O casal nega irregularidades.