Cotidiano

Molon critica falta de transparência da prefeitura em debate

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RIO – O candidato a prefeito do Rio pela Rede Sustentabilidade, Alessandro Molon, voltou a criticar nesta quinta-feira, durante debate na Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado (Seaerj), a falta de transparência da atual gestão da prefeitura. Molon insistiu no tema quando perguntado sobre temas como obras olímpicas, habitação, mobilidade, orçamento da previdência e o planejamento da cidade. Ao fim do debate, que durou cerca de 1h30, o candidato falava sobre reformular o plano diretor do Rio quando questionou, em tom de desabafo: ?Por que não ouvir as pessoas??.

Eleições Rio 0809Molon citou a transparência como receita para lidar com temas polêmicos, como uma reforma na previdência municipal. O candidato da Rede prometeu, caso eleito, abrir as contas da previdência no primeiro dia de mandato, e acusou a gestão de Eduardo Paes (PMDB) de ter esvaziado o caixa desta área para cobrir outras despesas. Procurada, a Prefeitura do Rio não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem. Molon reconheceu que o sistema previdenciário enfrenta dificuldades devido ao envelhecimento da população, que aumenta o número de beneficiários face ao número de contribuintes.

? Vamos abrir as contas e debater junto com os servidores. Temos que valorizar os servidores, mas dentro de uma responsabilidade fiscal. É claro que as regras vão ter que mudar, já que hoje vivemos um envelhecimento da população. Mas é preciso mudar com honestidade, respeitando certas regras de transição. Não pode ser uma decisão imposta ? avaliou o candidato da Rede.

Quando perguntado sobre as remoções feitas pela Prefeitura para obras olímpicas, Molon disse ter se esforçado junto a autoridades municipais e federais para diminuir o número de casas removidas em localidades como Magalhães Bastos, nas imediações do Complexo Esportivo de Deodoro. Aproveitou o gancho para entrar novamente no tema da transparência, apontando que ?razões opacas? nortearam ações da prefeitura na preparação para a Olimpíada.

? Estive há algum tempo em um seminário em Harvard (EUA) e ouvi que os grandes eventos são usados muitas vezes como desculpa para se fazer coisas que não seriam feitas normalmente. O próprio prefeito já falou que a Olimpíada foi um pretexto para muitas ações. Não é assim que se faz administração pública ? criticou Molon.

PLANEJAMENTO CONTRA ?SOLAVANCOS?

Durante caminhada pelo Centro do Rio na segunda-feira, Molon já havia se comprometido a tornar público dados envolvendo tarifas e distribuição da frota de ônibus, além de rever o processo de racionalização das linhas. Nesta quinta, o candidato da Rede afirmou que a falta de transparência prejudica também o funcionamento do BRT. Molon argumentou que a má qualidade do asfalto causa avarias em diversas composições, e disse que o problema não se deve a falhas de engenharia, mas sim a processos de licitação marcados ?muitas vezes pela corrupção?.

Molon considerou ainda uma ?irresponsabilidade? a falta de um órgão dedicado ao planejamento urbano. Para o candidato, a solução não é criar mais uma secretaria, mas sim reforçar o papel do Instituto Pereira Passos (IPP), autarquia municipal criada em 1998 para aprimorar políticas públicas voltadas para a área de planejamento.

? Nossa proposta é fazer do IPP um órgão não de planejamento de governo, mas de planejamento de cidade. Não queremos que desenvolva ações que mudem de um governo para outro, mas sim que pense a cidade para os próximos 30 anos. O Rio, hoje, não tem planejamento de longo prazo. Não queremos mais pensar e agir aos solavancos ? explicou.