RIO – Embora os analistas concordem que, tecnicamente, a recessão brasileira acabou, a economia do país deve seguir na lanterna do mundo em 2017. De acordo a mediana das previsões de crescimento econômico para 36 países, compiladas pela Bloomberg, o Brasil crescerá apenas 0,8% este ano, o segundo pior desempenho, empatado com a Itália e pior apenas que o da Venezuela (retração de 2,5%).
Info – ranking PIB 2017 estimativas Como informou o IBGE nesta terça-feira, a economia brasileira encolheu 3,6% em 2016, após uma perda de 3,8% registrada em 2015. Isso faz com que a recessão vivida pelos brasileiros seja a pior pelo menos desde 1948, quando começa a série histórica do Produto Interno Bruto (PIB). É a primeira vez em quase 70 anos que o PIB tem dois resultados negativos anuais seguidos, com perda acumulada de 7,2%. Nesse período, a renda per capita dos brasileiros encolheu 11%, superando os 7,5% da chamada década perdida (1981 a 1992), nos cálculos de Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do banco Goldman Sachs.
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Como mostra infográfico elaborado pelo GLOBO, o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) da FGV vê o atual ciclo recessivo, que começou no segundo trimestre de 2014, como o mais longo em 35 anos. Ele alcançou a mesma duração da crise do governo Collor (1989-1992), com magnitude superior à crise da moratória da dívida (1981-1983), quando a economia encolheu 8,5%.
De acordo com as previsões compiladas pela Bloomberg, o crescimento brasileiro deve ficar muito abaixo do que o de outros países emergentes em 2017. Muito à frente do Brasil estarão, por exemplo, Índia (7,4%, na liderança das expectativas), China (6,5%), e os vizinhos Argentina (3%) e Colômbia (2,4%). Entre os outros membros do Brics, os países com desempenho mais próximo ao brasileiro devem ser a Rússia (alta de 1,1%, prejudicado pelo baixo preço do petróleo e por sanções econômicas) e África do Sul (1,2%).
A queda da economia brasileira nos últimos três meses de 2016 (0,9%) foi maior que a esperada pelos economistas (estimavam 0,5%), indicando, segundo analistas, que a recuperação da atividade deve mesmo ser ?restrita? e ?vagarosa? ao longo deste ano. Embora os especialistas concordem que, tecnicamente, a recessão acabou, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2017 é esquálida: o Bradesco aposta alta de apenas 0,1%, enquanto a Capital Economics vê algo entre 0,2% e 0,4% e o Ibre/FGV, de 0,3%.