Mais RIO – Nas rodas de conversa ou nas redes sociais não faltam clamores para que 2016 termine logo. Afinal, num ano marcado pela instabilidade econômica e política, além de altos níveis de desemprego, as esperanças de um horizonte melhor são quase uma necessidade.
Por ora, as expectativas não são necessariamente boas. Conforme já divulgado pelo GLOBO, o desemprego deve atingir o pico de 12,9% no segundo trimestre do ano que vem e só vai começar a cair em 2018, segundo as previsões do banco americano Bank of America Merrill Lynch. A taxa atual está em 11,8%, sendo que cada ponto percentual representa cerca de um milhão de desempregados.
? Acredito que 2017 ainda será um ano difícil e com baixa perspectiva de incremento no nível de emprego. É provável que se mantenha ou ainda piore um pouco, dependendo de ajustes importantes a serem feitos, do ponto de vista econômico e político, aumentando o nível de confiança ? afirma Alexia Franco, sócia-fundadora da consultoria executiva Unique Group.
Em função dos processos de cortes de custos das empresas e reestruturações para manter o nível de margem do negócio num patamar positivo, Alexia também espera que muitas posições serão ajustadas em termos de escopo e carga de trabalho, aumentando as responsabilidades de quem fica na empresa.
? Será preciso ser versátil e saber lidar com um cenário de pressão e poucos recursos, atuar mais na execução do dia a dia e trazer soluções de curto prazo ? avisa ela.
Dito isso, Alexia faz suas apostas para as áreas que devem guardar mais oportunidades ao longo do ano que se inicia em duas semanas. É o caso do setor de finanças, pela necessidade de foco na redução de custos, assim como a área de vendas, sempre valorizada para incrementar os resultados. Também entram na lista o setor jurídico para as empresas que estão em recuperação judicial e a turma de recursos humanos, que terá a função de suprir com as melhores ferramentas os ajustes de pessoal.
? As áreas que envolvam solução técnica ou de inovação para a otimização de processos e controles também são relevantes nesses momentos, para ajudar na redução de custos ? acrescenta ela.
FUTURO MELHOR
O diretor-executivo da Michael Page, Roberto Picino, está confiante de que algumas melhoras devem pintar no cenário. Segundo ele, ?muito provavelmente”, 2017 deve ser um ano com mais oportunidades.
? As perspectivas econômicas que impactam no mercado são melhores, com mais confiança nas medidas do governo. Além disso, as empresas já enxugaram muito seus quadros e melhoraram seus resultados financeiros. Diante do exposto, voltam a crescer gradativamente ? aposta Picino.
Além dos setores citados por Alexia, ele acredita que saúde, educação e agronegócio também vão figurar entre os mais prósperos.
? São segmentos mais protegidos da crise e, ao contrário, até crescem. Recebem investimentos e incentivos e são áreas condicionais para a inovação, a eficiência e o crescimento ? justifica ele. ? E conforme os sinais de melhora da economia começarem a aparecer, retoma-se infraestrutura e varejo também.
Para a coach Vera Lorenzo, 2017 será um ano em que não haverá mais tanto espaço para ?empregados?, e sim ?empreendedores?, dentro e fora das empresas. Como as companhias ainda estarão muito focadas em reduzir custos e fechar suas contas, os funcionários precisam estar em sintonia com esta preocupação, encontrando soluções nesta direção. Para isso, os profissionais precisam ter um amplo conhecimento do negócio, além de entender seus próprios pontos fortes e fracos.
? Compreender a visão, os valores e o perfil da empresa é algo determinante para o sucesso profissional. E, claro, para quem se candidata a uma vaga, vale lembrar como é preciso falar bem inglês e até dominar um segundo ou terceiro idioma, se quiser se destacar ? lista Vera.
Roberto Picino concorda com as explanações apresentadas pela coach. Segundo ele, o cenário atual exige que os trabalhadores mostrem engajamento e até busquem o desenvolvimento de novas habilidades. E isso deve ser feito independentemente de uma recompensa imediata.
? O momento exige maior sacrifício, mesmo. No entanto, essa parceria entre colaborador e empresa fortalecerá o relacionamento de longo prazo e, consequentemente, o crescimento profissional ? resume ele.
Àquelas pessoas que estão empregadas, mas desejam dar novos ares à carreira, a coach Dayse Gomes recomenda um pouco de cautela antes de arriscar uma mudança mais radical.
? Já não temos um pessimismo tão grande em relação ao futuro, mas acho que será um ano igualmente turbulento ? avalia ela. ? Então, quem está empregado deve valorizar essa condição. É tempo de avaliar bem as oportunidades e a consistência das nossas escolhas para evitar arrependimentos.
Enquanto isso, para quem foi demitido, as oportunidades que aparecem nem sempre são as esperadas. Entretanto, Dayse afirma que aceitar uma vaga em nível hierárquico e salário inferiores aos da ocupação anterior pode não ser exatamente sinônimo de rebaixamento na vida profissional.
? Quando isso acontece, é importante avaliar as reais chances de crescimento oferecidas pela empresa. Às vezes, a pessoa pode entrar num cargo mais baixo, mas vislumbrar promoções significativas num prazo de um ano ou pouco mais ? pondera ela. ? Por outro lado, aceitar qualquer proposta também não resolve as coisas, já que a pessoa corre o risco de ficar infeliz.
Algumas apostas:
Analista de Desenvolvimento Organizacional: muitas empresas de pequeno porte (principalmente as startups) que chegaram ao Brasil precisarão fortalecer suas equipes e desenvolver projetos que mantenham seus talentos motivados na estrutura. Serão valorizados profissionais mais analíticos e estratégicos, voltados a resultados, números e previsões. Salário de R$4 mil a R$7 mil.
Supervisor de Planejamento e Controle de Produção: as companhias vão buscar maneiras de melhorar a produção, focando em redução de custos e perdas. Salário de R$ 6 mil a R$ 9 mil.
Analista Contábil com inglês: A área foi uma das que mais evoluiu. Porém, menos de 5% dos profissionais conseguem manter um diálogo compreensível em um segundo idioma. Salário de R$ 5 mil a R$ 12 mil.
Analista de Compras: a busca por novos fornecedores, sendo de origem nacional ou internacional, proporciona novas oportunidades que podem trazer a redução de investimentos em itens de compras. Salário de R$ 5 mil a R$ 8 mil.
Analista de Planejamento Tributário: impostos são uma grande fatia dos custos das empresas. Quanto menor puderem ser estes gastos, maior a margem de lucro para seu negócio. Salário de R$ 6 mil a R$ 10 mil.
Especialista de Planejamento Financeiro: este é o profissional que pode dar uma visão financeira das áreas de negócio da empresa, habilidade que tipicamente não está presente em áreas mais criativas ou técnicas das companhias. Salário de R$ 6 mil a R$ 12 mil.
Desenvolvedor Mobile: trata-se de um mercado novo e altamente demandado em nível global. Mas ainda há poucos cursos especializados no assunto, sobretudo no Brasil. Salário de R$ 7 mil a R$ 15 mil.
Office Manager: como o número de empresas de pequeno e médio porte aumentou, necessita-se de profissionais com um papel mais híbrido, que some responsabilidades e consiga ver a empresa como um todo. Salário de R$ 7 mil a R$ 10 mil.
Fonte: Page Personnel