Cotidiano

Merkel e outros líderes criticam política migratória de Trump

64615412_SAN FRANCISCO CA - JANUARY 28 A demonstrator holds an American flag during a rally against.jpg

RIO – A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou neste domingo as restrições à imigração impostas pelo presidente americano Donald Trump, que considera injustificáveis, assim como outros líderes ao redor do mundo. Links Trump histórias

“Está convencida de que mesmo na necessária batalha contra o terrorismo não se justifica colocar pessoas de certa origem ou crença sob suspeita geral”, afirmou o porta-voz Steffen Seibert, citado pela agência nacional DPA.

“A chanceler lamenta a proibição de entrada (nos Estados Unidos) imposta pelo governo americano contra refugiados e cidadãos de alguns países”, completou Steffen Seibert.

A condenação acontece um dia depois da primeira conversa telefônica entre Trump e Merkel. Os comunicados publicados nos Estados Unidos e na Alemanha após a ligação não mencionaram as novas restrições à imigração em território americano.

O decreto americano sobre a “proteção da nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos”, que entrou em vigor na sexta-feira, proíbe por 90 dias o ingresso no país de cidadãos do Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Síria, Sudão e Somália.

Algumas horas antes, a primeira-ministra britânica Theresa May afirmou “discordar” das restrições migratórias impostas por Trump.

“A política migratória dos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, do mesmo modo que a nossa é determinada por nosso governo. Mas estamos em desacordo com esta forma de encará-la”, disse um porta-voz de Downing Street.

“Se tiver um impacto para cidadãos do Reino Unido, vamos a intervir ante o governo americano”, completou.

Trump, que recebeu Theresa May na sexta-feira na Casa Branca, assinou pouco depois do encontro o decreto que suspende a entrada de refugiados nos Estados Unidos e afeta os cidadãos dos países mencionados.

No sábado, May provocou polêmica em seu país ao se recusar a condenar a medida quando foi questionada a respeito em uma entrevista durante uma visita à Turquia. Ela afirmou que Washington era livre para determinar sua própria política em termos de refugiados.

A decisão de Donald Trump foi chamada de “grande presente para os extremistas”, afirmou neste domingo o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif.

O decreto “entrará para a história como um grande presente para os extremistas e seus protetores”, escreveu no Twitter.

REAÇÕES TAMBÉM NO ORIENTE MÉDIO

No sábado, o Irã, um dos países afetados, decidiu aplicar o princípio de reciprocidade.

“Esta discriminação coletiva ajuda os terroristas a recrutar, ampliando a fratura iniciada pelos demagogos extremistas”, completou Zarif, que defendeu o diálogo e a cooperação da comunidade internacional para “atacar as raízes da violência e do extremismo”, sobretudo no Oriente Médio.

O ministério das Relações Exteriores da Indonésia, país de 255 milhões de habitantes e onde 85% da população se declara muçulmana, lamentou “profundamente” a decisão americana.

Apesar de não figurar na lista de sete países afetados pelo decreto, a Indonésia “lamenta profundamente porque considera que afetará o combate global contra o terrorismo” e se traduzirá em “uma gestão negativa dos refugiados”, disse o porta-voz do ministério, Arrmanatha Nasir.

“É ruim vincular radicalização e terrorismo com uma religião em particular”, completou.

O governo do Sudão lamentou que a decisão aconteça após a retirada das sanções econômicas americanas em 13 de janeiro.

No Iêmen, país em guerra, o governo dirigido pelos rebeldes xiitas huthis em Sanaa, não reconhecido pela comunidade internacional, denunciou o decreto como “ilegal e ilegítimo”.