RIO – A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou neste domingo as restrições à imigração impostas pelo presidente americano Donald Trump, que considera injustificáveis, assim como outros líderes ao redor do mundo. Links Trump histórias
“Está convencida de que mesmo na necessária batalha contra o terrorismo não se justifica colocar pessoas de certa origem ou crença sob suspeita geral”, afirmou o porta-voz Steffen Seibert, citado pela agência nacional DPA.
“A chanceler lamenta a proibição de entrada (nos Estados Unidos) imposta pelo governo americano contra refugiados e cidadãos de alguns países”, completou Steffen Seibert.
A condenação acontece um dia depois da primeira conversa telefônica entre Trump e Merkel. Os comunicados publicados nos Estados Unidos e na Alemanha após a ligação não mencionaram as novas restrições à imigração em território americano.
O decreto americano sobre a “proteção da nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos Estados Unidos”, que entrou em vigor na sexta-feira, proíbe por 90 dias o ingresso no país de cidadãos do Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Síria, Sudão e Somália.
Algumas horas antes, a primeira-ministra britânica Theresa May afirmou “discordar” das restrições migratórias impostas por Trump.
“A política migratória dos Estados Unidos é um assunto do governo dos Estados Unidos, do mesmo modo que a nossa é determinada por nosso governo. Mas estamos em desacordo com esta forma de encará-la”, disse um porta-voz de Downing Street.
“Se tiver um impacto para cidadãos do Reino Unido, vamos a intervir ante o governo americano”, completou.
Trump, que recebeu Theresa May na sexta-feira na Casa Branca, assinou pouco depois do encontro o decreto que suspende a entrada de refugiados nos Estados Unidos e afeta os cidadãos dos países mencionados.
No sábado, May provocou polêmica em seu país ao se recusar a condenar a medida quando foi questionada a respeito em uma entrevista durante uma visita à Turquia. Ela afirmou que Washington era livre para determinar sua própria política em termos de refugiados.
A decisão de Donald Trump foi chamada de “grande presente para os extremistas”, afirmou neste domingo o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif.
O decreto “entrará para a história como um grande presente para os extremistas e seus protetores”, escreveu no Twitter.
REAÇÕES TAMBÉM NO ORIENTE MÉDIO
No sábado, o Irã, um dos países afetados, decidiu aplicar o princípio de reciprocidade.
“Esta discriminação coletiva ajuda os terroristas a recrutar, ampliando a fratura iniciada pelos demagogos extremistas”, completou Zarif, que defendeu o diálogo e a cooperação da comunidade internacional para “atacar as raízes da violência e do extremismo”, sobretudo no Oriente Médio.
O ministério das Relações Exteriores da Indonésia, país de 255 milhões de habitantes e onde 85% da população se declara muçulmana, lamentou “profundamente” a decisão americana.
Apesar de não figurar na lista de sete países afetados pelo decreto, a Indonésia “lamenta profundamente porque considera que afetará o combate global contra o terrorismo” e se traduzirá em “uma gestão negativa dos refugiados”, disse o porta-voz do ministério, Arrmanatha Nasir.
“É ruim vincular radicalização e terrorismo com uma religião em particular”, completou.
O governo do Sudão lamentou que a decisão aconteça após a retirada das sanções econômicas americanas em 13 de janeiro.
No Iêmen, país em guerra, o governo dirigido pelos rebeldes xiitas huthis em Sanaa, não reconhecido pela comunidade internacional, denunciou o decreto como “ilegal e ilegítimo”.