BRASÍLIA – Num café da manhã na casa do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o governo acertou que a PEC do limite de gastos tem de ser votada com prioridade pelo Legislativo e inaugurou uma nova estratégia de comunicação para que a matéria ganhe o apoio popular. Tanto o deputado quanto o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afinaram o discurso de que a proposta é necessária por causa da ?herança maldita? do governo passado.
? O consenso é de que isso é insustentável: atividade econômica está caindo, o desemprego está aumentado e esta é a herança que estamos recebendo. Não nos compete reclamar, mas resolvê-la ? afirmou Meirelles na saída do encontro.
Ao contrário do que estava previsto, ele – acompanhado de Maia – foram ao portão da residência oficial da presidência da Câmara, onde aguardavam vários jornalistas, para dar uma declaração. Ambos usaram o termo ?herança maldita?.
Durante a reunião, Meirelles ouviu dos parlamentares que o governo precisa melhorar a comunicação para que a sociedade entenda que é necessário um limite para os gastos. Aos repórteres, o ministro lembrou que a crise atual foi causada pela excessiva elevação dos gastos públicos nos últimos anos.
Deu um exemplo. Afirmou que, de 2007 até 2015, houve um crescimento dos gastos públicos foi de mais de 50% acima da inflação. Meirelles defendeu que o prazo da PEC (manutenção de um teto por 20 anos) não deve ser flexibilizado. Questionado sobre essa possibilidade, frisou que é importante para os agentes econômicos ter previsibilidade.
? É muito importante levar em conta que isto é como um tratamento de saúde, de infecção e alguém está tomando um antibiótico é importante que não seja excessivo, mas também na dosagem adequada. Se for abaixo da dosagem adequada, não cura e acaba criando resistência no organismo ? explicou o ministro.
Rodrigo Maia não apenas endossou o discurso de Meirelles, mas até usou os mesmos termos como, por exemplo, ?herança maldita?.
Sobre a data em que o governo enviará a reforma da previdência para o Congresso, o ministro disse que ainda em discussão e não há definição.