O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello foi sorteado nesta quarta-feira (31) para conduzir as investigações sobre o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) baseadas nas delações premiadas de executivos da JBS no âmbito da Operação Lava Jato.
Marco Aurélio disse que deverá levar para o conjunto dos ministros recurso de Aécio para derrubar a decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, que, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou o afastamento do senador do mandato.
"É claro que se é ato de um colega, ombreando o colega, jamais reconsideraria decisão do colega. E não reconsiderando, não atuando nesse campo individualmente, trarei ao colegiado", disse Marco Aurélio Mello.
Nesta terça, o inquérito sobre Aécio foi separado nesta terça (30), pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, das investigações sobre o presidente Michel Temer e do deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Em abril, quando as investigações foram iniciadas, Temer, Aécio e Rocha Loures eram investigados conjuntamente na Corte, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Fachin, porém, decidiu separar as investigações por entender que a suposta atuação de Aécio em favor da JBS e contra a Lava Jato se distingue daquela que teria sido praticada por integrantes do PMDB.
Enquanto Temer e Rocha Loures, segundo as investigações, teriam atuado em favor da empresa junto ao governo, o entendimento é que Aécio teria trabalhado no Congresso e como presidente do PSDB.
No mesmo inquérito sobre Aécio, serão também investigados a jornalista Andrea Neves – irmã do tucano –, Frederico Pacheco de Medeiros – primo do senador afastado –, e o ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) Mendherson Souza Lima. Andrea e Frederico Pacheco foram presos pela Polícia Federal.
O que diz Aécio
Desde que foi afastado do mandato parlamentar, Aécio Neves tem divulgado notas à imprensa e vídeos na internet para rebater as acusações dos delatores da JBS.
O tucano já disse, por exemplo, que irá provar o "absurdo dessas acusações" e o "equívoco das medidas" contra ele. Aécio também já afirmou que buscará resgatar "a honra e a dignidade" que ele diz ter.
"O tempo permitirá aos brasileiros conhecer a verdade dos fatos e fazer ao final um julgamento justo", afirmou Aécio em uma nota.
Em um vídeo publicado no Facebook, o senador afastado se disse "vítima de armação" e acrescentou:
"Nessa história, os criminosos não sou eu nem meus familiares. Os criminosos são aqueles que se enriqueceram às custas do dinheiro público e que agora, nesse instante, lá no exterior, zombam dos brasileiros com os inacreditáveis benefícios que obtiveram. Eles, sim, têm que voltar ao Brasil e responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeram."