Buenos Aires – O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou ontem (3) algumas medidas em sua estratégia para controlar as contas públicas. Insistindo na necessidade de um “sacrifício dos argentinos” para enfrentar a crise local dos últimos meses, Macri disse que o número de ministérios deve ser reduzido a "menos da metade" e também que haverá imposto sobre as exportações. Mesmo dizendo que concorda que esse imposto não é o ideal, ele argumentou que "nesta emergência" ele é necessário, no âmbito do ajuste. Ele ainda confirmou que o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) será revisto.
Em sua fala, Macri admitiu em vários momentos o impacto que o quadro atual representa para a população argentina, reconhecendo que haverá aumento na pobreza com a desvalorização do câmbio nos últimos meses. Para enfrentar isso, disse que serão ampliados alguns programas sociais, como um pagamento a famílias pobres e programas alimentares.
"Recebemos um golpe duro nos últimos meses", afirmou Macri, referindo-se à mudança do humor nos mercados internacionais, que passaram a retirar recursos de mercados emergentes e privilegiar países mais seguros, como os Estados Unidos, onde está em andamento um aperto monetário gradual. Ele citou problemas recentes na Turquia e "sobretudo no Brasil" como fatores que influem em seu país, sem dar detalhes. Segundo o presidente argentino, por causa desse contexto a estratégia de ajuste gradual orquestrada por ele até então não se mostra mais factível. "A realidade mostrou que precisamos ir mais rápido no ajuste."
O presidente comentou que problemas internos argentinos também influenciam no quadro, sobretudo o desequilíbrio entre os gastos e a receita.
Macri defendeu sua estratégia de fechar um acordo com o FMI, alvo de críticas de opositores. Segundo ele, o apoio do Fundo foi "inédito", pelo montante e pela rapidez com que foi fechado. Agora, com o estresse recente sobre o câmbio no país, o FMI já concordou em rever os termos e fechar um novo plano. "Os detalhes técnicos do novo acordo estarão prontos em alguns dias", disse o presidente. "O novo acordo com o FMI acabará com as dúvidas sobre nosso financiamento em 2019."
O FMI fechou em junho um pacote de US$ 50 bilhões para a Argentina, o que deveria dar mais segurança sobre a trajetória do país. As dúvidas sobre a questão fiscal, porém, continuaram, o que fez o peso argentino continuar a ficar sob pressão, também por causa de fatores internacionais.