BRASÍLIA ? Em meio ao posicionamento do presidente Michel Temer contrário ao reajuste do Judiciário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que todas as carreiras tenham ao menos a reposição inflacionária, apontando-a como “um direito” das pessoas, que ele afirma ter garantido quando ocupou o Planalto. Lula voltou a criticar medidas da atual gestão contra a crise, sinalizando que o PT deverá fazer uma forte oposição a mudanças nas regras trabalhistas. As declarações foram dadas enquanto ele deixava o Supremo Tribunal Federal, onde participou da posse da ministra Cármen Lúcia na presidência.
? Tentar resolver o problema da crise mexendo no direito dos trabalhadores é inaceitável. Não é justo que aquela parte da sociedade que está sendo vítima da crise venha a pagar pela crise ? afirmou Lula.
Enquanto o ex-presidente falava com um grupo de jornalistas, ao esperar o carro que o pegaria na porta do Supremo, um grupo de cerca de 20 pessoas gritava “Lula ladrão, seu lugar é na prisão” a menos de 100 metros. Ele disse, porém, não ver problemas na realização de protestos, ressaltando que iniciou sua carreira política participando de manifestações. E voltou a criticar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como um ato meramente político que demonstra a necessidade de a democracia brasileira se consolidar.
Lula evitou comentar as críticas do ex-advogado-geral da União, Fábio Osório Medina, de que o governo Temer estaria disposto a acabar com a Lava Jato, afirmando que cada um “é responsável por suas palavras”. Questionado se haverá diálogo com Temer, disse que conversa com qualquer pessoa, caso seja necessário, mas que não vê necessidade no momento. O ex-presidente cumprimentou várias pessoas, enquanto esperava o carro, entre eles o criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, responsável pela defesa de vários políticos.