Brasília – No ano passado, mesmo em meio à crise, o lucro dos maiores bancos do Brasil voltou a crescer, subindo 14,6%, para R$ 57,63 bilhões, na comparação com R$ 50,29 bilhões em 2016.
Conforme o BC (Banco Central), a margem financeira dos bancos, ou seja, seu lucro, representou 14% do custo do crédito em 2017. De acordo com a instituição, o componente da inadimplência é aquele que têm mais peso na definição do custo do crédito, respondendo por 38,27% do total no ano passado, seguida pelas despesas administrativas (25,55%) e tributos e FGC (Fundo Garantidor de Crédito) – com 22,13%.
O BC informou que, quanto maior a taxa de inadimplência, "maior a taxa de juros necessária para cobrir a perda com a inadimplência". "Quanto maior o prazo das operações de crédito, menor a taxa de juros necessária para cobrir a perda com a inadimplência", acrescentou.
Com relação aos chamados custos administrativos, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana, afirmou que evidências sugerem que o valor é "relativamente alto" no Brasil. "Tem a ver com questões trabalhistas, de segurança. Tem a ver com uma série de questões, algumas delas que não afetam apenas o setor financeiro", disse. Acrescentou, porém, que a tendência é de redução dos custos administrativos ao longo do tempo com o uso da tecnologia.
Juros bancários
O Banco Central divulgou o relatório de economia bancária em um momento no qual se discute o impacto da redução da taxa básica de juros nas taxas bancárias. Embora a taxa Selic, fixada pelo BC para controlar a inflação, esteja na mínima histórica de 6,5% ao ano, os juros bancários seguem elevados para padrões internacionais. "O esforço é buscar redução [do custo do crédito] de forma sustentável. O peso da inadimplência é elevado. Precisamos melhorar o ambiente de recuperação de garantias, e a educação financeira cumpre o papel também. A agenda BC+ abrange várias delas", disse o diretor do BC, Carlos Viana.
Concentração
Recentemente, o BC informou que os quatro maiores conglomerados bancários do País, Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, fecharam o ano de 2017 com 78,5% do mercado de crédito e com 76,35% dos depósitos de correntistas.
De acordo com a instituição, em 2016 o Brasil figurava no grupo de países com os sistemas bancários mais concentrados, que inclui Austrália, Canadá, França, Holanda e Suécia. Acrescentou que os "indicadores de concentração bancária não tiveram alteração significativa em 2017".
O BC informou que monitora a concentração do sistema financeiro e que está "atento aos riscos para o sistema e aos possíveis efeitos sobre o spread bancário e outros preços". Acrescentou, entretanto, que a relação entre concentração e spreads "não é tão direta quanto o senso comum pode sugerir".