Cotidiano

Lojas criam incentivos para superar vendas 15% menores

Mesmo diante de um cenário que ainda inspira cuidados, revendas de materiais de construção agem proativamente para aumentar o volume de negócios

Cascavel – Cada segmento tenta se ajustar como pode para enfrentar um dos períodos mais duros da economia brasileira em muitos anos. Com lojas enxutas e gestão familiar, donos de revendas de materiais de construção da região empregam a criatividade como aliada para superar um período de negócios em retração. No acumulado dos cinco primeiros meses de 2016 em comparação com igual período do ano passado, o recuo foi de 15%. A expectativa, no entanto, é de que os números possam se recuperar nos próximos meses.

O presidente da Acomac (Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Oeste do Paraná), Valdecir da Luz Barcelos, informa que há motivos para confiar em uma reversão do gráfico de vendas na descendente. “O frio antecipado e com temperatura média abaixo da de anos anteriores tem, pelo menos nos últimos dias, impulsionado a comercialização de chuveiros e torneiras elétricas e de aquecedores”. Como praticamente não houve frio no inverno de 2015, Valdecir faz um comparativo das duas primeiras semanas de junho com igual período de 2014, com vendas maiores desses itens agora em pelo menos 50%.

Os produtos menos procurados de janeiro ao fim de maio de 2016, ante aos cinco primeiros meses do ano passado, foram cimento, ferro, pisos cerâmicos e tijolos. Ou seja, um indicativo de que, com menos dinheiro em circulação e as incertezas de um momento especialmente turbulento à economia e à política nacionais, investidores e consumidores decidiram tirar o pé do acelerador. “Tem muito gente aguardando para ver o que vai acontecer nos próximos meses. O primeiro passo decisivo para que a economia volte a recuperar o fôlego está na gradual reconstrução da confiança no governo”, conforme Valdecir.

Criatividade

Mesmo diante de um cenário que ainda inspira cuidados, revendas de materiais de construção agem proativamente para aumentar o volume de negócios. O próprio presidente da Acomac é um exemplo de mudanças adotadas para motivar a equipe. Além de palestras e capacitações, são desenvolvidas campanhas com premiação em dinheiro. Um conjunto de objetivos precisa ser alcançado no mês para que o prêmio seja entregue aos melhores.

“Vender mais é um dos critérios, mas há outros. Entre eles estão maior número de clientes visitados, maior soma de ligações feitas a potenciais compradores e preenchimento de relatório, indicando inclusive vendas perdidas. As informações ajudam a entender o quadro e a definir estratégias de melhorias”, de acordo com Valdecir.

“Instalamos um sino na empresa e quando alguém atinge uma meta ele é tocado. Isso ajuda a motivar a todos”, garante o presidente da Acomac. Muitos revendedores da região estão adotando medidas semelhantes e os resultados são considerados positivos. Mesmo com essas atitudes houve demissões no setor, mas muito abaixo do que poderiam ser caso nada de diferente fosse feito.

Linhas especiais para compra de materiais

A Acomac assinou parcerias com cooperativas de crédito que atuam na região e que oferecem linhas especiais à compra de materiais de construção. Os convênios alcançam principalmente consumidores de baixa e média renda que precisam de prazo para a aquisição de itens a reformas e a construções de pequeno porte. “São medidas importantes e que contribuem sim para melhorar as vendas de nossos revendedores”, conforme o presidente da Acomac, Valdecir da Luz Barcelos.

A Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção do Oeste do Paraná representa cerca de 250 empresas de municípios da região – inclusive de algumas cidades do Sudoeste. Juntas, elas dão ocupação a pelo menos cinco mil trabalhadores. Criada há mais de 30 anos, a Acomac participa de uma rede representativa formada também por federações (Fecomac, de âmbito estadual) e por uma associação nacional, a Anamaco. No Paraná, as revendas de materiais de construção somam mais de 9,8 mil.