Cascavel – O prazo para começar as obras de desassoreamento do Lago Municipal de Cascavel, anunciado pela Sanepar e Prefeitura de Cascavel, que deveria ser entre 15 de junho e 15 de julho, não foi cumprido e, além disso, novos problemas envolvem o início dos trabalhos que são esperados e essencial no principal cartão postal da cidade, que também é fundamental para garantir o abastecimento de água da cidade.
O problema é que a área oferecida para receber os sedimentos – sujeira que resultará no processo de desassoreamento – retirados do lago pela empresa que venceu a licitação, não foi liberada pelo IAT (Instituto Água e Terra) do Paraná. No dia 6 de junho, a empresa contratada pela Sanepar para executar o serviço realizou a apresentação inicial da obra, com dados e local em que o sedimento seria levado. O processo depois de apresentado foi protocolado no IAT que e gerou questionamentos internos e específicos do terreno indicado no processo.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Cascavel, Nei Haveroth, durante as reuniões, os técnicos apontaram que o terreno tinha uma “rocha quebrada” que vertia água e que os sedimentos que seriam depositados no local poderiam prejudicar a “vertente”. Além disso, outro questionamento se refere a propriedade do terreno, que é particular, e que poderia ser recuperada pelo o proprietário. Por isso, o Município de Cascavel já está protocolando uma nova opção de área para receber os sedimentos.
“Estamos oferecendo a opção de um terreno que fica atrás da Escola Municipal Atílio Destro, bairro Cascavel Velho, que é um terreno público”, disse o secretário. Segundo ele, é o IAT que terá que analisar os dois locais para poder decidir qual é o melhor espaço, por meio de uma decisão técnica, porque a primeira opção ainda não foi descartada. “Temos que aguardar um posicionamento do IAT, mas demos essa segunda opção para tentar agilizar o processo”, salientou o secretário.
Sobre a nova área, Haveroth explicou que a distância do lago é um pouco maior que a primeira opção e que terá que ser feito cerca de 2 quilômetros de tubulação, cerca de 500 metros a mais. Além disso, este terreno é um pouco mais elevado e terá que ser trabalhada a altitude para levar a sujeira até o local. De acordo com o secretário, estas são questões que a empresa contratada já analisou e que consegue resolver dentro do mesmo projeto.
Urgência
Nei Haveroth informou ainda que foi solicitado análise com urgência ao IAT para que a obra inicie o quantos antes, mas que o importante é que a outorga, ou seja, a liberação para realizar a obra está pronta. “O que sabemos é que vai atrasar novamente. Mas, queremos é que essa decisão da área saia o quantos antes para que a empresa se instale, comece a fazer a tubulação e inicie os trabalhos”, reforçou.
Sérgio Antonello, gerente regional de bacias hidrográficas do IAT, disse que o local da nova área ainda não tem protocolo no IAT, mas que assim que isso for feito, será analisada por se tratar de uma obra de utilidade pública e, por isso, será dada prioridade. No entanto pela lei, o
prazo legal é de seis meses para que a decisão administrativa seja tomada.
A reportagem do Jornal O Paraná entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sanepar que apenas informou que estão sendo finalizados os projetos técnicos, conforme orientação do IAT e que as obras de retirada dos sedimentos só terão início após a conclusão do processo de licenciamento. Sobre a área a empresa responsável pela obra, a Construtora Hamirisi, informou que a escolha está sendo feita entre a Sanepar e a Prefeitura de Cascavel.
A obra
Serão retirados cerca de 21,5 mil metros cúbicos de sedimento, ou seja, material composto por lodo, areia, solos e cascalhos. A Construtora Hamirisi, de Piraquara, venceu a licitação pelo valor de R$ 3,870 milhões para realizar a obra que tem prazo total de 12 meses para ser concluída. O lago tem um total aproximado de 2 milhões de metros cúbicos de água. A proposta é que depois de pronta, o Lago fique limpo, assim como era no começo em que foi criado, no ano de 1980.
O último desassoreamento foi realizado entre 2008 e 2010, quando segundo a Sanepar, foram retirados 108.000 m³ de lodo. Além da limpeza a obra contempla ainda a construção de barreiras, caixas de contenção, como se fossem paredes de pedra, para evitar que ocorra novamente o assoreamento. O Lago é o principal abastecedor da cidade, que além do Rio Cascavel, é abastecida ainda pelos rios Peroba, Saltinho e São José.
Foto: Celso Dias