JERUSALÉM ? O governo de Israel informou que deixará de conceder vistos de trabalho a organização internacional Human Rights Watch (HRW). A declaração vem depois que o Ministério de Relações Exteriores israelense acusou a ONG de parcialidade e de trabalhar a serviço da Palestina, sob falso semblante de ser uma organização de direitos humanos. O porta-voz da chancelaria israelense, Emmanuel Nahshon, acusou a HRW de ser “uma organização fundamentalmente parcial e anti-israelense, dotada de uma agenda hostil”.
? Por que deveríamos conceder permissões de trabalho a pessoas que têm como único objetivo nos denegrir e atacar? ? questionou Nahshon.
O chanceler, no entanto, explicou que os funcionários israelenses e palestinos da HRW podem continuar trabalhando.
Em resposta, a HRW criticou a medida e disse que foi uma atitude inesperada, já que a organização se reúne regularmente com o governo de Israel, incluindo representantes do Exército, da polícia e do próprio ministério.
A ONG, que divulgou vários relatórios críticos sobre a ocupação israelense em territórios palestinos, solicitou há vários meses um visto para o novo diretor de seu escritório para Israel e Palestina, Omar Shakir, que tem cidadania americana. Autoridades israelenses afirmaram que o pedido foi rejeitado porque a HRW “não é realmente uma organização de defesa dos direitos humanos”.
? Estamos realmente consternados ? disse Omar Shakir. ? Trabalhamos em mais de 90 países. Muitos governos não gostam de nossas conclusões baseadas em investigações profundas, mas sua reação não é reprimir o mensageiro.
O Departamento de Estado dos EUA criticou a medida. O porta-voz do departamento, Mark Toner, disse que é preciso respeitar o trabalho da ONG, mesmo tendo divergências com ela.
? Apesar de não concordar com todas as conclusões e afirmações feitas pela ONG, por seus grandes esforços, apoiamos a importância do trabalho feito por ela. Nós usamos os dados da HRW em nossos próprios relatórios, até mesmos nos anuais sobre direitos humanos ? afirmou Toner.
A decisão de barrar membros da HRW é a mais recente medida das autoridades israelenses de impedir a atuação de órgãos estrangeiros não-governamentais que criticam o país, principalmente em relação aos palestinos. Israel entrou para a lista de outros países que também não emitem novos vistos para a organização. São eles: Cuba, Egito, Coreia do Norte, Sudão, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão e Venezuela.