Diferentemente da análise feita pela defesa e por aliados de Luiz Inácio Lula da Silva, o delegado licenciado da Polícia Federal Jorge Pontes considerou que o ex-presidente não tem por que comemorar seu desempenho no depoimento prestado ao juiz Sergio Moro, anteontem, em Curitiba.
“Quando Lula confirma que buscou Renato Duque para apenas perguntá-lo se este mantinha conta no exterior, ele se incrimina totalmente e se descortina apenas como um chefão preocupado com a possível existência de evidências contra o esquema que comandou”, comentou ele ontem, em entrevista à revista Veja.
“Quem pergunta – a um funcionário de uma empresa estatal – se este tem recursos depositados no exterior, já subentende que o interlocutor desviou o dinheiro. Portanto, a pergunta tem embarcada em si o conhecimento dos desvios”, ressaltou Pontes, reconhecidamente um especialista em investigação.
SEM CONSISTÊNCIA
Já o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, uma das principais peças da força-tarefa da Lava Jato, não poupou a tentativa de Lula de imputar à esposa falecida a intenção de adquirir o triplex em Guaraujá (SP), que foi objeto de seu depoimento.
“No geral, eu não vi nenhuma consistência nas alegações (de Lula). Infelizmente, as afirmações em relação a Dona Marisa a responsabilizando por tudo é um tanto triste de se ver feitas nesse momento, até porque, como o ex-presidente disse, ela não está aí para se defender”, comentou Lima.
RETA FINAL
Lula foi o último réu a depor no processo sobre o triplex. Agora, o Ministério Público Federal e as defesas dos envolvidos têm cinco dias para pedir as últimas diligências, como novos depoimentos, buscas ou investigações complementares. Caso isso não ocorra, o juiz Sérgio Moro determinará prazos para que as partes apresentem as alegações finais. Em seguida, os autos voltarão para Moro, a quem caberá proferir a sentença.