Cotidiano

Internautas criticam escolha de DiCaprio para interpretar poeta persa

RIO — Internautas estão usando o Twitter e assinando petições online para protestar contra o que consideram mais um exemplo de como a indústria cinematográfica americana não dá visibilidade a minorias. O alvo desta vez é Leonardo DiCaprio, que está cotado para interpretar o poeta sufi Jalaluddin Rumi, um persa que viveu no século XIII.

Em uma reportagem feita pelo jornal inglês “The Guardian” sobre o projeto da cinebiografia de Rumi, o roteirista David Franzoni (“Gladiador”) e o produtor Stephen Joel Brown disseram que gostariam de desafiar o estereótipo de personagens muçulmanos no cinema ocidental; por outro lado, ao falar sobre a escalação do elenco, eles citaram DiCaprio para o papel de Rumi e o Homem de Ferro Robert Downey Jr. para Shams de Tabriz, um místico que transformou a vida do poeta. Entretanto, nenhum dos personagens históricos era branco.

Para muitos, a escalação seria um novo caso do que em inglês se chama “whitewashing”, algo como “embranquecimento”. Recentemente, a atriz Zoë Saldaña, de ascendência latina, causou polêmica no papel da cantora e ativista negra Nina Simone. Outras críticas incluem a transformação do personagem Ancião, de “Dr. Estranho” (um tibetano), em uma mulher branca feita por Tilda Swinton e a escolha de Rooney Mara (a Lisbeth Salander de “Millennium: Os homens que não amavam as mulheres”) para interpretar a indígena Tiger Lily, em “Peter Pan”.

No Twitter, desde que a reportagem do Guardian foi ao ar, a hashtag #RumiWasntWhite (Rumi não era branco) tem sido utilizada para questionar a escolha de Leo para o papel. “Eles não têm problema em contratar uma pessoa de pele morena para fazer um terrorista, mas um branco para interpretar Rumi??”, questiona uma usuária. Outro usuário preferiu a ironia: “#RumiWasntWhite Agora Hollywood vai fazer um filme sobre a vida de Barack Obama com Mel Gibson”.

Em uma das petições direcionadas a David Franzoni, a autora afirma que a escolha de DiCaprio iria reescrever a história, apossando feitos de um muçulmano e dando o crédito a um branco. “Quando as pessoas pensarem em Rumi, elas vão imaginá-lo com a pele clara, cabelo loiro e olhos azuis. Assine a petição para parar com o embranquecimento da história”.

Já uma segunda petição, hospedada em outro site, afirma que, “se os roteiristas e produtores estão realmente comprometidos em desafiar estereótipos, eles deveriam se comprometer em retratar Rumi como ele realmente era”.