BRASÍLIA – A inadimplência no Brasil seguiu trajetória de alta e alcançou 5,7% em abril, contra 5,6% em março, novo ponto mais alto da série histórica do Banco Central, iniciada em março de 2011, em meio à profunda retração da economia que tem afetado a renda e emprego.
O dado, divulgado nesta quarta-feira pelo BC, refere-se ao segmento de recursos livres, em que as taxas de juros são livremente definidas pelas instituições financeiras. No segmento de recursos direcionados, o atraso nos pagamentos acima de 90 dias também subiu, a 1,7% em abril, contra 1,5% em março.
A dificuldade de pagamento esbarra também na inflação. Nos 12 meses até maio, o IPCA-15, prévia da inflação oficial, voltou a acelerar e bateu em 9,62%, bem acima do teto da meta do governo para o ano ? de 4,5% pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
O BC informou ainda que os juros médios também mantiveram o movimento de alta em abril, indo a 52% ao ano no segmento de recursos livres, novo recorde histórico, contra patamar revisado de 51% em março. Enquanto isso, o spread bancário ? diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final ? alcançou 38,8 pontos percentuais em abril, ante 37,4 pontos.
A Selic, taxa básica de juros do país, está em 14,25% ao ano desde julho passado.
Com bancos mais cautelosos para conceder empréstimos e consumidores mais apertados para tomá-los, o estoque total de crédito no país recuou 0,6% em abril sobre o mês anterior, a R$ 3,143 trilhões, passando a responder por 52,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Nos quatro primeiros meses do ano, o estoque total de crédito brasileiro sofreu declínio de 2,4%, acumulando em 12 meses expansão de 2,7%.
O BC projeta crescimento de 5% para o estoque de crédito em 2016 que, se confirmada, será a pior para série histórica iniciada em março de 2007.