BEIRUTE – A guerra civil na Síria, que já dura seis anos, está provocando uma grave crise na saúde mental das crianças do país, relatou a ONG Save The Children em um relatório. Em meio a traumas, depressão e medo, a organização revelou que grande parte dos menores está sofrendo de estresse tóxico, estresse pós-traumático e situações extremas. Algumas delas chegam a condições extremas, como autoflagelação, tentativas de suicídio e até perda da fala. SÍRIA
A sondagem da ONG pró-infância foi feita com mais de 450 crianças, pais, psicólogos e professores em locais profundamente afetados pela guerra, como Aleppo, Idlib e Hassaka. Dois terços das crianças ouvidas perderam um ente querido, tiveram a casa bombardeada ou se feriram.
“Viram seus amigos e famílias morrerem diante de seus olhos, ou enterrados nos escombros de suas casas”, afirma o relatório. “E são eles a próxima geração que terá que reconstruir seu país destroçado.”
Situações drmáticas são listadas: aumento da violência doméstica, meninos recrutados para lutar em grupos armados e meninas cadas à força com apenas 12 anos.
Mais de 80% das crianças ouvidas mostram sinais de agressividade e medo constante, e outras 71% têm incontinência. O trauma diário pode ainda se tornar irreversível, alerta o relatório. A ONG advertiu que as situações prejudicam a formação do cérebro nos anos de crescimento e poderão levar a depressão e problemas cardíacos.
? Meu filho acorda assustado no meio da noite. Acorda gritando ? diz um pai de um meni de 3 anos no relatório.
A falta de escolas também colabora para o problema. Um terço delas virou escombro, abriga deslocados ou se transformou em bases militares e/ou de tortura. Em Madaya, que viveu uma crise de fome de 2016, a situação se tornou ainda mais triste.
? As crianças Madaya estão psicologicamente demolidas e esgotadas ? disse um professor citado. ? Desenham crianças sendo massacradas, tanques, assédio e a falta de comida.
Outro professor relata que as crianças “esperam morrer para ir ao paraíso e estar assim em um lugar quente, comer e brincar”.
A Save The Children defendeu o aumento da participação de programas dedicados à saúde mental na Síria, além de treinamento para professores lidarem com a situação delicadas das crianças.
“Mas o que as crianças efetivamente precisam é do fim da causa de seu estresse tóxico: a violência que continua a chover impunemente sobre as vilas e cidades sírias.”