RIO ? Três dias após a chacina que terminou com a morte de 56 detentos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, um funk que está sendo replicado através de aplicativos de mensagem exalta o massacre e faz afrontas ao estado. A música, recheada de erros de português e com pouco menos de dois minutos e meio, se refere por diversas vezes à facção Família do Norte (FDN), que teria sido a responsável pelos assassinatos. Ainda não se sabe quem seria o autor do áudio, que pode ser investigado por apologia ao crime.
?Aqui é o crime organizado. Está tudo monitorado. Fechado aos aliado, representa o nosso estado. Decretado o poder, a ordem vou te dizer. Foi batido o martelo pra ?torar? (matar) os PCC. O comando é um só, tá daquele jeito. Representa FDN, junto é o Comando Vermelho. Pega a visão, é a conexão?, diz o trecho inicial.
Em seguida, a música exalta a violência praticada durante a rebelião: ?Tomamo de assalto todo o cadeião… Quem pagou de doido, sentiu o poder da Família. O bagulho foi mais doido, batemo igual galinha. Foi troca de tiros, polícia não peitou. A bala comendo solto e a Rotam (polícia) recuou. Tava tudo dominado, a cadeia em nossa mão. Os preso tudo decapitado, na quadra do cadeião?.
Por fim, há ameaças ao Estado: ?Vou passando outra visão para o estado se ligar. Nossa estrutura aqui é forte e jamais vão nos derrubar. Pode anotar, escreve o que eu to falando. A força da FDN só tá começando. Então não desacredita que a guerra só começou. É a Família do Norte botando o maior terror. Nós aqui é pelo certo e não aguenta safadeza. Foi mídia no mundo todo, arrancamo várias cabeças. Um aviso eu vou dar, então fica ligado. Somos da FDN e CV lado a lado?.