Foz do Iguaçu – Mais de mil participantes de 60 países diferentes tornarão Foz do Iguaçu a capital mundial da ecologia de 27 de agosto a 1º de setembro, quando pela primeira vez o Brasil sediará a 7ª Conferência Mundial sobre Restauração Ecológica – o processo de ajuda à recuperação de um ecossistema degradado, danificado ou destruído. Este evento bienal é o maior encontro mundial de cientistas, profissionais dos setores público e privado, ONGs, políticos e estudantes que trabalham no campo da restauração.
Em todo o mundo, mais de 2 bilhões de hectares de terra degradada oferecem oportunidades de restauração – uma extensão maior que a América do Sul. Grande parte está em áreas tropicais e temperadas. Na América Latina e no Caribe, os governos e as partes comprometeram-se a restaurar 20 milhões de hectares como parte da Iniciativa 20×20, que é um subcompromisso no âmbito do Desafio de Bonn, que pede a restauração de mais de 150 milhões de hectares de áreas degradadas até 2020. "Investir na restauração ecológica faz sentido do ponto de vista econômico e também ecológico", afirmou Bethanie Walder, diretora-executiva da Society for Ecological Restoration.
O WRI (World Resources Institute) estima que os US$ 1,15 bilhão já destinados à Iniciativa 20×20 poderiam resultar em retornos econômicos de US$ 23 bilhões nos próximos 50 anos. Isso equivale a cerca de 10% do valor das exportações de alimentos na região.
Além disso, esse programa poderia sequestrar quase cinco gigatoneladas de CO2 durante esse mesmo período. "Restaurar 12 milhões de hectares de terras florestais desmatadas e degradadas até 2030, por meio da restauração florestal, reflorestamento e regeneração natural são um caminho para o Brasil alcançar grandes reduções nas emissões para o Acordo de Clima de Paris", disse Rachel Biderman, diretora-executiva da WRI Brasil.
Restaurar essas áreas também ajudará a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Com esses compromissos, o Brasil se juntou a muitas outras nações para se comprometer a participar da Iniciativa 20×20 como parte do Desafio de Bonn.
Organizado pela Sobre (Sociedade Brasileira para a Restauração Ecológica), a Sociedade Internacional para a SER (Restauração Ecológica) e a Siacre (Sociedade Ibero-Americana e do Caribe para a Restauração Ecológica), a conferência inclui nove aulas magistrais de cientistas de renome mundial, 78 simpósios e oficinas, mais de 500 palestras adicionais, cinco cursos de treinamento e outras oportunidades de trabalho em rede e compartilhamento de conhecimento e experiência.
O evento ajudará a construir a capacidade técnica necessária para projetos de restauração em diferentes escalas e em diferentes países. "No momento em que o Brasil está passando por uma das maiores crises políticas e econômicas e ameaças associadas à legislação ambiental, incluindo propostas para reduzir áreas protegidas, e as responsabilidades geradas pelo desastre de Mariana, a realização de um evento dessa magnitude no Brasil apoia os muitos cidadãos brasileiros que trabalham ativamente e promovem iniciativas nacionais para construir um futuro melhor", diz Vera Lex Engel, presidente da conferência.