TRÍPOLI ? As forças do governo paralelo líbio lançaram, neste domingo, um ataque surpresa contra o governo de União Nacional, apoiado pela comunidade internacional, para tomar o controle dos principais terminais petroleiros do país. A ofensiva ocorreu no Noroeste do país, onde estão as principais infraestruturas econômicas da Líbia. A tomada foi confirmada por um comandante da Guarda das Instalações Petroleiras (GPI), milícia leal ao governo de Unidade Nacional, com base em Trípoli.
O Exército ligado ao governo não reconhecido, baseado no Leste, controlam o terminal de Al-Sedra, o bairro industrial, a área residencial e o terminal de Ras Lanouf, segundo seu porta-voz, o coronel Ahmad Al-Mesmari.
? Os confrontos se concentram no terminal de Zueitina ? acrescentou à agência Lana.
Um porta-voz do GIP, Ali al-Hassi, assegurou que os combates continuavam com mortos e feridos. O emissário da ONU para a Líbia, Martin Kobler, disse estar preocupado com os confrontos que, advertiu, acentuarão as divisões na Líbia.
? As forças de Haftar lançaram um ataque pela manhã usando aviões e artilharia”, mas não tomaram o controle ? disse al-Hassi
Perder as instalações petroleiras enfraqueceria o GNA, que está instalado em Trípoli desde março. Desde então, tenta, com dificuldades, consolidar sua autoridade no conjunto do país, afundado no caos desde a queda do regime do ditador Mouammar Kadhafi em 2011.
As forças leais ao governo de união se concentram atualmente na luta contra o grupo Estado Islâmico (EI), implantado no país desde 2015, para tentar expulsá-lo totalmente de seu reduto em Sirte. Mas a ofensiva, lançada em maio, se mantém devido à resistência dos extremistas.
Paralelamente, a ONU supervisiona um complexo processo político com o objetivo de juntar os distintos atores em um governo de união reconhecido por todos. Mas esse processo se choca com a oposição das autoridades rivais do Leste.
Um dos maiores desacordos é o papel que o general Khalifa Haftar, chefe do Exército do governo do Leste, deverá desempenhar neste novo cenário. O oficial septuagenário teve grande relevância após a revolta contra Kadhafi. Suas forças tentam desde 2014 recuperar o controle de Benghazi, segunda cidade do país e reduto de grupos extremistas radicais.
Para o investigador Mattia Toaldo, do grupo de reflexão European Council on Foreign Relations, a ofensiva na zona petroleira “poderia se transformar em um conflito, a menos que haja uma mediação rapidamente”.