WASHINGTON – O Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado na manhã desta quarta-feira em Washington, aponta que os riscos de curto prazo diminuíram, mas que o clima político tenso e o longo período de baixo crescimento no mundo ampliam as chances de instabilidade econômica no longo prazo. Os riscos do Brexit ? a saída do Reino Unido da União Europeia, decidida em referendo em junho ?, apesar de aumentarem a volatilidade dos mercados nos primeiros dias, foram bem absorvidas depois, segundo o relatório.
?Os riscos são baixos no curto prazo, mas os riscos de médio prazo estão aumentando. A desaceleração contínua do crescimento mundial levou os mercados financeiros a esperar um período prolongado de inflação baixa e baixas taxas de juros, bem como um intervalo ainda mais longo até a normalização da política monetária. Em muitos países, o clima político é tenso. A falta de crescimento da renda e o aumento da desigualdade abriram as portas para políticas populistas e isolacionistas, o que dificulta ainda mais a solução dos problemas herdados do passado?, afirma o relatório.
O documento diz que 25% dos bancos das economia avançadas, que contam com US$ 11,7 trilhões em ativos ? mais de quatro vezes o PIB anual do Brasil ? continuam em situação frágil e precisam enfrentar situações estruturais sérias.
?As instituições financeiras nas economias avançadas enfrentam uma série de desafios cíclicos e estruturais e precisam se adaptar a esta nova era de baixo crescimento e baixas taxas de juros, bem como a um ambiente regulatório e de mercado em evolução. São desafios significativos que afetam grande parte do sistema financeiro e, se não solucionados, podem ameaçar a solidez financeira?, concluiu o estudo.
De acordo com o FMI, os mercados emergentes precisam se adaptar a um cenário de menor crescimento mundial, preços mais baixos das commodities e redução do comércio global.
?A atual conjuntura externa favorável, com baixas taxas de juros e a busca global por oportunidades de investimento, oferece uma chance para que as empresas superendividadas reestruturem seus balanços?, indica o documento.
O relatório ainda sugere melhorar o sistema de fiscalização destes países, além de garantir o acesso a serviços financeiros internacionais, com regimes regulatórios e de supervisão mais restritos.