WASHINGTON – Alejandro Werner, diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Hemisfério Ocidental, afirmou na manhã desta quinta-feira, em Washington, que o Brasil precisa mostrar que está comprometido com o ajuste fiscal. Discursando no 20ª conferência anual do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), ele afirmou que a situação fiscal de toda a região é pior que a esperada.
? Todas as economias da América Latina estão em situação fiscal mais fraca do que se esperava ?disse ele, completando: ? Há algumas economias que precisam de um programa gradual de ajuste, e há aquelas que precisam de um ajuste mais forte, como o Brasil.
Werner afirmou ainda que o Brasil precisa enviar sinais de que está comprometido com o ajuste e que precisa, inclusive, ter um comprometimento forte. Este comprometimento, disse, precisa ser institucional e político. Para ele, os problemas fiscais são, em parte, consequências da mudança do cenário global, que acabou com o ciclo de altos preços das commodities.
Augusto de La Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina, afirmou, contudo, que este fim de ciclo está fazendo os países da região passarem por ajustes, mas não tão severos como seria no passado. Ele lembra que a região está desacelerando seu crescimento de forma consecutiva há cinco anos, sendo que já são dois anos em recessão.
? Os brasileiros gostariam de não fazer o ajuste, até porque têm uma situação política mal resolvida, mas, por outro lado, eles têm a menor margem de manobra fiscal da região ? disse o economista.
O economista criticou a forte indexação da economia brasileira e dos problemas entre o governo federal e os estados, sobre dívidas e financiamento. De La Torre lembrou ainda que o Brasil sofre por ter taxas de juros muito altas por muito tempo.
? O Brasil tem uma questão historicamente complicada, por estar preso em seu sistema financeiro, seu sistema econômico está preso com uma taxa de juros elevada ? disse ele
De La Torre afirmou ainda que parece haver um grupo de economistas que pensa que se o Brasil chegar a um acordo político para resolver o ajuste fiscal, isso pode gerar espaço para um golpe de credibilidade e que possa levar a uma queda de juros.
? O consenso dos observadores no Brasil é otimista. Há uma reconstrução do otimismo porque a maioria dos observadores pensa que o Brasil já tocou no fundo e que a economia está contraindo num ritmo menor e que no próximo ano o crescimento se regenerará e teremos um crescimento positivo. Parte disso tem influência do golpe de otimismo que veio com os Jogos Olímpicos e se o Brasil for bem no futebol pode ser que haja mais otimismo ? disse.