BRASÍLIA ? Um dia antes de ser conduzido coercitivamente a depor pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, estava em Brasília com o presidente Michel Temer e líderes parlamentares. Jorge Picciani, que preside a Alerj pela sexta vez, sempre foi político no Rio. Na capital federal está o filho, Leonardo, eleito deputado federal em 2002, aos 22 anos, e atual ministro dos Esportes. Nos últimos anos, a família Picciani passou de força regional a nacional.
A última publicação no Facebook de Jorge Picciani mostrou fotos de dentro do Palácio do Planalto, no gabinete de Temer, e com uma comitiva de ministros, incluindo Leonardo, e líderes do Congresso. O presidente da Alerj fez apelos para que o plano de recuperação fiscal dos estados, incluindo o Rio, seja aprovado com urgência, sob risco de um colapso financeiro no estado em cerca de duas semanas. Temer repassou o pedido ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Ao presidente da Câmara Federal, o também fluminense Rodrigo Maia (DEM), Michel Temer demandou que tente aprovar a partir desta quarta-feira o projeto de ajuda aos estados endividados.
Rodrigo Maia também aceitou criar uma comissão especial para discutir a Lei Kandir ? Lei Complementar 87, que estabeleceu regras para o ICMS e, segundo os deputados do Rio na reunião, fez com que o estado e municípios deixassem de receber R$ 49,2 bilhões na última década.
Jorge Picciani se descreve em redes sociais como ?carioca da gema?. Ele está no sexto mandato na presidência da Alerj ? quatro deles consecutivos, de 2003 a 2010. Tentou ir para o Senado Federal em 2010, mas foi derrotado. Com a condução coercitiva nesta quarta-feira, o cenário para o PMDB fluminense fica incerto. Os aliados Sérgio Cabral, ex-governador, e Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, estão presos pela Lava-Jato.
O depoimento a que Picciani foi submetido visa a esclarecer supostos esquemas de arrecadação de propina no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) para ignorar irregularidades de empreiteiras e empresas de ônibus no estado do Rio. Cinco dos sete conselheiros do tribunal foram presos preventivamente.
Já Leonardo faz carreira política em Brasília. Foi eleito pela primeira vez para a Câmara dos Deputados aos 22 anos, em 2002. No mandato seguinte, em 2007, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Em fevereiro de 2016, na esteira da crise política do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, Leonardo Picciani disputava uma acirrada disputa pela liderança do PMDB na Casa.
Ele era o candidato do então Palácio do Planalto petista, enquanto Hugo Motta (PB) tinha a confiança do correligionário Eduardo Cunha, algoz da Presidência e na linha de frente do impeachment. Picciani ganhou por sete votos, o que foi muito comemorado no governo. Três meses depois, em 12 de maio, a Câmara afastava Dilma, Temer tomava posse interina no Planalto e Leonardo Picciani era ministro dos Esportes. A pasta teve grande exposição no ano passado, por conta da Olimpíada do Rio. Leonardo Picciani passou somente dois anos fora de Brasília, a convite de Cabral: para ser secretário de Habitação, de 2009 a 2011.