Não é para pagar dívida de aluguel, muito menos para saldar contas deixadas em hospitais. É o que garantem o irmão, Frederico Grunnup, e o ex-produtor de Elke Maravilha, Maurílio Domiciano, que estão à frente do Bazar Maravilha. O evento promove a venda de parte do acervo de objetos e figurinos da atriz e cantora Elke Maravilha, que morreu há três meses, desde sábado até o dia 20 de novembro, no Leme. Segundo os dois, apenas 30% do imenso acervo da artista estão à venda ? são peças de decoração e roupas usadas no dia a dia. As icônicas cabeças, mortalhas, capas e os esplendores, marca da artista, estão separados para uma grande exposição itinerante a ser feita com direção de arte de Gringo Cardia.
? Elke nunca quis que seu acervo fosse para um museu e ficasse parado. Isso nunca nem esteve em cogitação. Ao contrário do que muita gente está dizendo, não estamos vendendo para pagar dívidas nem de aluguel nem de hospital: Elke tinha plano de saúde e as contas de aluguel estão em dia. O que queremos é arrecadar R$ 50 mil vendendo parte do acervo para justamente dar início ao projeto de uma exposição itinerante com as coisas dela. O acervo de Elke vai circular pelo Brasil, exatamente como ela fazia ? alega Maurílio, que trabalhou com a atriz por mais de dez anos.
Logo depois que a artista morreu, a prefeitura do Rio chegou a manifestar interesse em arrematar o acervo para organizar a exposição, segundo Maurílio, mas depois os funcionários que mantinham contato com a família pararam de atender aos telefonemas. Cansados de esperar, os dois começaram a organizar as peças e separar quais seriam postas à venda. Desde sábado, cerca de 150 peças estão disponíveis.
Os planos não mudaram: depois de tornar o acervo conhecido, ambos querem ambientá-lo em uma casa maior (Frederico, que morava com Elke num apartamento no Leme, já está de mudança) que se tornaria o Instituto Elke Maravilha.
? Já tínhamos essa ideia. Criar um instituto para ser base de pesquisa de figurinistas e historiadores de moda, teatro, cinema. Mas ele só seria viável após concretizar a exposição, até porque não queremos que o acervo seja viável apenas para cariocas ou paulistas, mas que esteja acessível para quem quiser pesquisar nele ? explica Maurílio.
Desde que Maurílio e Frederico anunciaram o Bazar Maravilha, na última quinta-feira, na página do Facebook de Elke Maravilha, uma enxurrada de comentários questionaram por que a família estava se desfazendo do patrimônio em vez de doá-lo a uma instituição.
? É justamente por isso que queremos esclarecer que Elke não deixou dívidas e que não somos insensíveis à necessidade de manter tudo bem cuidado. Só que nunca foi do interesse dela deixar tudo parado em museu, estamos obedecendo à risca ? diverte-se ele. A vida de Elke Maravilha