Curitiba – O ex-superintendente do Mapa (Ministério da Agricultura e do Abastecimento) no Paraná Gil Bueno de Magalhães enfrenta amanhã seu último interrogatório, o que dá início às alegações finais. Ele é réu em duas das cinco ações penais abertas por conta da Operação Carne Fraca, que investiga um esquema de pagamento de propina para que não houvesse fiscalização em frigoríficos no Paraná.
Gil responde a cinco crimes na Justiça Federal: peculato, corrupção passiva, corrupção passiva privilegiada, uso de documento falso e advocacia administrativa.
Preso em março, quando a Operação Carne Fraca foi deflagrada pela Polícia Federal, Gil Bueno de Magalhães obteve alvará de soltura em setembro, com o fim das oitivas das testemunhas de acusação e de defesa. Para obter o benefício, além do pagamento de uma fiança de R$ 100 mil, o magistrado impôs algumas restrições, como o comparecimento bimestral à Justiça Federal “para justificar suas atividades”. Perto de completar 70 anos de idade, ele mora em Castro, no Paraná.
“Chefe” do esquema
Já o superintendente anterior do Mapa no Paraná Daniel Gonçalves Filho permanece preso. Ele é apontado pelo MPF (Ministério Público Federal), autor das cinco denúncias, como o “chefe” do esquema de propina que funcionaria a partir da relação entre servidores públicos da pasta e empresários que deveriam ser fiscalizados.
Daniel é réu em quatro das cinco ações penais e optou por delatar pessoas que estariam envolvidas nos crimes levantados pela Operação Carne Fraca.
Tanto Daniel Gonçalves Filho quanto Gil Bueno de Magalhães ocuparam as principais cadeiras do ministério no Paraná ao longo de quase uma década a partir de indicações políticas. Daniel foi levado ao posto máximo pela bancada do PMDB do Paraná em Brasília; Gil tinha respaldo dos parlamentares do PP.
No total, a Operação Carne Fraca resultou até aqui em 60 réus no âmbito de cinco ações penais. Mais de 600 pessoas já foram arroladas como testemunhas, pela acusação e pela defesa.
Gil acredita na absolvição
Ao contrário de Daniel Gonçalves Filho, que é o principal implicado até aqui na Operação Carne Fraca, Gil Bueno de Magalhães rejeita a narrativa do MPF. “No curso da instrução penal, todos os fatos estão sendo dirimidos. Ele haverá de ser absolvido. E, diante da agilidade nos processos da Operação Carne Fraca, eu acredito que a sentença contra o meu cliente pode sair ainda antes do recesso de fim de ano”, disse o advogado de Gil, Renato Barroso, em entrevista à “Gazeta do Povo”.
Gil figura como réu em outros dois casos, por crime de corrupção passiva, na Vara Federal de Paranaguá, e pela prática de crime ambiental, na comarca de Castro.