RIO – Além do ex-governador Sergio Cabral, Carlos Miranda e Wilson Carlos também usavam celulares em nomes de terceiros para se comunicarem, segundo o Ministério Público Federal (MPF). Conforme apontou José Casado, colunista do GLOBO, Cabral usava o número (21) 99723-3315, registrado em nome de ?Nelma de Sá Saraca?, para negociar propina.
Os telefones foram revelados por Alberto Quintaes, ex-diretor da construtora Andrade Gutierrez responsável pelo pagamento de propina da empresa. Em depoimento, ele confirmou que entregava dinheiro vivo a Carlos Miranda, empresário do ramo agropecuário e apontado como operador de Cabral. Miranda usava o número (21) 7831-2421, registrado, segundo o MPF, em nome de ?Boomerang Comércio de Veículos?, empresa localizada na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Já Wilson Carlos, braço-direito e ex-secretário de governo de Cabral, atendia no número (21) 99410-3525, registrado em nome de ?Luis Claudio Maia?. Ao tentar contato com os telefones citados, O GLOBO ouviu mensagem dizendo que não era possível completar a ligação para a Boomerang Comércio de Veículos, enquanto os outros dois telefones caíram na caixa postal.
O MPF aponta, ainda, que ?os representados utilizavam sofisticados aplicativos de criptografia, como Wickr, Confide e Wire para evitar que as comunicações da organização criminosa fossem interceptadas?, aplicativos de celular usados para não deixar rastros de mensagens enviadas e recebidas.
O MPF utilizou registros do Sistema de Investigação de registros Telefônicos e Telemáticos (Sittel) para auxiliar as atividades de recepção, processamento e análise de informações acobertada pelo sigilo. O sistema se conecta aos computadores das operadoras de telecomunicações e recebe os registros telefônicos. A quebra de sigilo revelou que foram feitas 645 ligações entre o número registrado como sendo de Nelma de Sá Saraca e Pedro Ramos de Miranda, assessor pessoal de Cabral, e outras 125 ligações com o número de Luciana Rodrigues Silva, secretária pessoal do ex-governador.