Cotidiano

Esquema da Odebrecht pagou US$ 599 mi de propina no Brasil e envolveu dois ex-ministros

SÃO PAULO – Nos acordos com a Justiça americana, a Odebrecht e a Braskem assumiram ter pago US$ 599 milhões (R$ 1,9 bilhão, na cotação atual) em propinas a autoridades brasileiras. Sem revelar os nomes dos destinatários desses valores ilegais, os documentos citam pelo menos dois ex-ministros brasileiros, três membros do Legislativo e dois altos integrantes do Executivo.

Do total de propina paga no Brasil, US$ 349 milhões (R$ 1,1 bilhão) foram destinados pela Odebrecht para conseguir contratos de obras de infraestrutura com várias esferas do governo brasileiro. A Braskem afirmou à Justiça americana ter pago US$ 250 milhões (R$ 832 milhões) para receber, em troca, a aprovação de leis favoráveis, redução de impostos e contratos vantajosos com a Petrobras.

As autoridades brasileiras receberam cerca de 75% de tudo o que a Odebrecht afirmou ter pago em 12 países da América Latina e da Ásia. Ao todo, a companhia pagou US$ 788 milhões (R$ 2,6 bilhões, na cotação atual), segundo documentos do Departamento da Justiça dos Estados Unidos.

As autoridades americanas tornaram públicos os termos do acordo nesta quarta-feira. Nos documentos não são citados nomes de funcionários envolvidos no esquema de corrupção nem de políticos que se beneficiaram do recebimento de propina. As pessoas são identificadas apenas com breves descrições.

O texto do acordo com a Braskem, por exemplo, cita duas situações em que ex-ministros foram acionados pela companhia para a defesa de seus interesses. Em 2010, a empresa pagou US$ 50 milhões (R$ 166 milhões) para a campanha de uma autoridade de alto nível executivo do Brasil e US$ 14 milhões (R$ 46 milhões) para um ex-ministro em troca da aprovação de uma lei que reduzia o pagamento de impostos pela companhia.

Em 2008, a empresa pagou propina a um ex-ministro para conseguir alteração na taxação de uso de matérias-primas. No mesmo ano, a Braskem pagou US$ 12 milhões (R$ 40 milhões) a um ex-executivo da Petrobras e um congressista para conseguir um contrato com a Petrobras para fornecimento de nafta.