NOVA YORK – As eleições presidenciais dos Estados Unidos deixaram uma lição inesperada nas salas de aula: o alcance e a repercussão das notícias falsas.
Professores de segmentos que vão desde a educação básica às universidades têm intensificado as lições sobre os meios de comunicação para dar a seus alunos a capacidade de reconhecer reportagens fictícias e entender seu potencial para debilitar a vida cívica.
Assim como o Facebook vem trabalhando com a agência Associated Press, FactCheck.org e outras organizações para frear a difusão de notícias falsas, os professores defendem que a formação na escola pode ter um papel importante para desconstruir títulos como “Papa apoia Trump”, que inundaram a campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016.
? Acredito que somente a educação pode resolver este problema ? apontou Pat Winters Lauro, professor na Universidade Kean, em Nova Jérsei, que começou a dar aulas sobre a veracidade de notícias neste semestre. ? Não tem sido um assunto difícil de ensinar em termos de material, porque há muitos. Mas é difícil em termos de política, porque temos um país profundamente dividido, e os alunos também são divididos por suas crenças.
Julgar no que se pode acreditar era mais fácil quando as fontes eram mais claras ? revistas, jornais e outros ?, explicou o estudante Kean Mike Roche, que assiste as aulas de Lauro. Agora, “tudo chega através do mesmo meio em seu celular ou computador, o que torna as fronteiras muito menos claras, sendo difícil distinguir o que é real e o que é falso”, apontou Roche.
No último mês, um parlamentar apresentou um projeto de lei na Califórnia que exige que o estado acrescente lições sobre como distinguir as notícias verdadeiras das falsas nos anos finais da educação básica.
Bill Ferriter, professor no estado da Carolina do Norte, conta que estimula seus alunos a usarem, primeiro, o senso comum para avalar se uma história poderia ser verdadeira ? além de utilizar a internet para verificar o histórico de sites e autores.
? O maior desafio que sempre tento ensinar às crianças sobre conteúdos questionáveis na web é convencê-los de que este tipo de conteúdo existe ? diz Ferrriter.