WASHINGTON ? Empossado na última sexta-feira, Donald Trump tomou diversas medidas em seus primeiros dias de governo. Do cancelamento de acordos econômicos à nomeação de membros de seu Gabinete, o presidente americano tem trabalhado para desfazer o legado de Barack Obama. Confira as principais ações tomadas até agora pelo magnata:
FIM DA PARCERIA TRANSPACÍFICO
Donald Trump já cumpriu a primeira de suas promessas eleitorais: ele retirou os EUA do Tratado de Associação Transpacífico (TPP, na sigla em inglês). Na segunda-feira, o republicano abandonou o acordo, que foi idealizado por seu antecessor, Barack Obama, e levou sete anos para ser concretizado. A parceria tinha 12 signatários, entre eles países como Japão, México, Canadá, Chile, Austrália e Singapura. Era considerado o maior acordo comercial da História, movimentando economias que somadas representam 40% do PIB mundial.
O TPP também era visto como uma ação por parte dos EUA para enfraquecer a economia chinesa. Fortalecendo os laços com outros países do Pacífico ? muitos deles vizinhos da própria China ? o tratado tornaria o comércio entre eles mais atraente e competitivo em relação a Pequim. Contudo, a medida já gerava críticas durante o governo de Obama, com detratores tanto no partido republicano quanto democrata. Os críticos apontavam preocupações com questões ambientais e a transparência da negociação.
ORDEM EXECUTIVA CONTRA O ?OBAMACARE?
Uma das maiores e mais divulgadas plataformas da campanha de Trump era a de repelir completamente as reformas de saúde pública feitas por Obama. Chamadas de Affordable Care Act (ACA), e popularmente conhecidas como ?Obamacare?, as leis aumentaram a abrangência de planos de saúde no país, ampliando a cobertura para 10 milhões de americanos. Trump usou seus primeiros dias no Salão Oval para emitir uma ordem executiva contra o programa.
Realizada através de subsídios e reduções de preços, a iniciativa encontrou uma oposição ferrenha do partido republicano desde antes de sua implementação, e era um alvo constante de críticas nos debates entre os candidatos do partido.
Na ordem executiva, Trump instrui que as agências federais devem desmantelar o serviço ?tão quanto a lei permitir?, o que dá liberdade aos órgãos de mudar, atrasar ou revogar aspectos da lei que eles consideram prejudiciais às seguradoras, médicos, estados e pacientes. Trump também recomendou a criação de um sistema de venda de seguro de saúde entre estados, a solução preferida dos republicanos para substituir o Obamacare.
FIM DE FINANCIAMENTO PARA ONGS PRÓ-ABORTO
Uma medida adotada por Trump que viralizou nas redes sociais, na verdade, não é nova. Se trata da reinstauração de uma lei criada no governo de Ronald Reagan e rejeitada durante o mandato de Obama. É a proibição de financiamento direto por parte do governo americano de Organizações Não Governamentais (ONGS) que realizem abortos em países estrangeiros.
Conhecida como ?Política da Cidade do México? ? local onde Reagan assinou a lei ? ela impede que ONGS que realizem trabalhos envolvendo aborto recebam qualquer tipo de financiamento. Durante o governo Obama, a legislação já impedia que doações diretas fossem feitas para realização de aborto, mas não para organizações que, além disso, também oferecessem cuidado pós-procedimento, acompanhamento obstétrico e pós-parto. A ação de Trump reforça sua postura ?pró-vida?, que foi uma das plataformas de sua campanha e do partido republicano.
CONGELAMENTO DE CONTRATAÇÕES PELO GOVERNO FEDERAL
Seguindo sua postura de austeridade e redução de gastos do governo, Donald Trump emitiu uma ordem congelando todas as contratações feitas pelo governo federal, até segunda ordem. A medida é outra promessa feita em campanha pelo republicano, que prometeu ?drenar o pântano? de Washington e os gastos com o funcionalismo público, que considera exagerados.
A ação é provisória, até que a equipe econômica de Trump realize um relatório decidindo qual serão os próximos passos para o governo. Essa é outra atitude de Trump que ecoa as do ex-presidente Ronald Reagan, que fez ordem executiva similar nos seus primeiros momentos de mandato. Estimativas apontam mais de 1 milhão de funcionários públicos federais nos Estados Unidos.
Ao assinar o ato, Trump fez uma exceção, deixando os militares de fora. A decisão se alinha às suas tendências de manutenção da posição dos EUA como maior força armada do mundo.