Cotidiano

Empresas fazem captações de R$ 73,36 bi no ano, queda de 21,2%

SÃO PAULO – Com juros em alta e recessão econômica, o mercado de capitais brasileiro perde força. As captações de empresas com operações de renda fíxa (debêntures, notas promissórias) e renda variável (ações) somam no ano até setembro R$ 73,362 bilhões, um recuo de 21,25% em relação ao igual período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

? Estamos em um ano bastante difícil para o mercado de capitais, mas a partir de agora dá para olhar para frente com mais otimismo. Acreditamos em uma recuperação no volume de emissões. O ano de 2017 deve ser melhor ? disse José Eduardo Laloni, diretor da Anbima, acrescentando que espera uma recuperação do mercado de capitais local a partir do ano que vem.

A maior parte das operações se concentra na renda fixa, que movimentam no ano R$ 65,661 bilhões, cifra 11,8% menor que as emissões ocorridas entre janeiro e setembro de 2015. Esse número se aproxima do volume de captações feitas no exterior. Foram US$ 19 bilhões em títulos de dívidas nos mercados internacionais, o equivalente a R$ 67,3 bilhões.

? Isso reflete o retorno das empresas brasileiras ao exterior depois de anos difícil. Tem a influência também das taxas de juros mais baixas no exterior, então o investidor busca por emergentes. Ao mesmo tempo, as empresas brasileiras mostram seu mérito em acessar o mercado externo ? explicou Laloni.

O executivo reforçou, no entanto, que o mercado externo está aberto apenas para empresas de bom perfil de crédito e que tenham receitas em dólares. As últimas captações são exemplo de empresas que possuem esse perfil e agradam os investidores. O frigorífico Minerva e a BR Foods conseguiram levantar, respectivamente, US$ 1 bilhão e US$ 500 milhões.

Para as empresas, a vantagem do mercado externo, além do juro mais baixo, é a possibilidade de emitir títulos com prazos mais longos, acima de dez anos. No Brasil, com taxas de juros altas e recessão, as emissões de debêntures estão saindo com um prazo médio de pouco mais de quatro anos.