SÃO PAULO ? O sócio da empreiteira Engevix José Antunes Sobrinho disse nesta sexta-feira, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro entrou em contato com ele para comunicar um acordo que estava sendo feito entre as empreiteiras envolvidas na Lava-Jato para não serem convocadas pela CPI da Petrobras. Segundo Sobrinho, Pinheiro sugeriu a ele que procurasse o então senador Gim Argello (sem partido), que era vice-presidente da CPI, para discutir a questão em troca de pagamento de R$ 5 milhões ao parlamentar.
Gim Argello está preso desde abril deste ano em Curitiba após ser denunciado pelo Ministério Público Federal de cobrar dinheiro de construtoras para que não fossem convocadas para prestar depoimento na CPI. Leo Pinheiro é um dos réus da ação penal.
? O Leo disse que ele estava articulando grupos de empresas da Lava-Jato que fariam colaboração para executivos não prestarem depoimento ? afirmou Sobrinho, referindo-se a um encontro no aeroporto de Brasília com o ex-presidente da OAS.
Na denúncia do MPF, Pinheiro é apontado como o articulador do grupo de empresas a pedido de Argello.
Nesta tarde, o senador cassado Delcídio Amaral também foi ouvido como testemunha de acusação na ação penal contra o antigo colega de Senado. Ele reafirmou o que já havia dito em delação premiada. Segundo Delcídio, os empreiteiros Julio Camargo, da Camargo Correa, e Ricardo Pessoa, da UTC, disseram a ele que pagaram quantias a Gim Argello em troca de serem poupados na CPI. Ele afirmou que não sabia, entretanto, como foram feitos os pagamentos.
? Uma vez o Ricardo me contou que pagou R$ 5 milhões. Ele estava bem injuriado com isso. O Julio fez pagamentos da ordem de R$ 2 milhões ? disse Delcídio.