BRASÍLIA ? Com a disposição majoritária da bancada do PT de participar da chapa que está sendo fechada para eleição do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE) como futuro presidente do Senado, praticamente descartada uma candidatura avulsa da oposição, o próximo passo agora é acomodar o presidente Renan Calheiros em um cargo onde possa continuar exercendo poder na Casa. Uma reunião da bancada do PMDB , no dia 26, irá definir quem ocupará a segunda vice-presidência no lugar do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e tudo se encaminha, segundo interlocutores de Eunício, para que Renan assuma a liderança do partido, realocando outros pretendentes como Eduardo Braga (PMDB-AM) e Raimundo Lira (PMDB-PB) na Mesa ou no comando de comissões importantes.
Com sua eleição garantida com o apoio de partidos da base e oposição, Eunício resolveu ficar fora da disputa pela liderança e escolha de comissões e cargos na Mesa, delegando essa tarefa para a bancada. A reunião do dia 26 será comandada pelo próprio Renan e pelo presidente do partido, Romero Jucá. A escolha do novo líder , entretanto, deverá ser oficializada depois da eleição da Mesa.
? O Eunício não vai se meter na disputa pela liderança, mas deve ser o Renan mesmo. O Jucá também se considera super bem recompensado com a presidência do PMDB, liderança do governo e o comando da Fundação Ulysses Guimarães. O PMDB no Senado está pacificado e unido ? disse um dos aliados de Eunício.
O líder da Minoria, Lindbergh Faria (PT-RJ) e a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) manifestaram, em reunião da bancada, desejo de apoiar um candidato avulso, para fugir do discurso de que estariam apoiando um candidato do golpe.
Mas o risco de ficar sem cargos nas comissões e na Mesa, levou o partido a fechar com Eunício, seguindo, segundo interlocutores de Eunício, orientação do ex-presidente Lula. Lula , na conversa com os senadores, teria argumentado que o PT , depois de perder tantas prefeituras, não podia correr o risco de ficar fora de tudo na Câmara e Senado.
O PT, entretanto, deve perder a primeira vice-presidência, ocupada hoje pelo senador Jorge Viana (PT-AC) e ficar com a primeira secretaria. O cargo de Viana, o segundo mais importante do Senado, será entregue ao PSDB e o nome é o do ex-líder Paulo Bauer (SC).
Incomodado com a candidatura única de Eunício, que ainda não foi oficializada, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) sondou outros peemedebistas, como Garibaldi Alves (RN), Valdemir Moka (MS) e Simone Tebet (MS) para convencê-los a disputar a indicação com o atual líder da bancada para a sucessão de Renan. Mas disse que ninguém quis.
? Eu disse ao Eunício que ele não podia ser a continuidade dos quatro anos do Renan, que nos submeteu a enormes constrangimentos a ponto de o Supremo dizer que o presidente do Senado não poderia substituir o presidente da República. Disse também que se não tivéssemos uma opção, a tentação de votar em branco seria grande. Ele me garantiu que não seria a continuidade do Renan, que a continuidade seria o Jucá ? disse Cristovam.