DUBAI – O governo do Irã anunciou neste domingo que os iranianos não irão peregrinar a Meca este ano como parte do Hajj, um dos eventos mais sagrados do Islã, a peregrinação anual a Meca. O motivo alegado seriam “entraves” colocados pela Arábia Saudita.
Segundo a Organização para o Hajj e Peregrinação do Irã, órgão do Ministério da Cultura, o governo saudita está “colocando entraves” e não está garantindo a segurança dos peregrinos.
A disputa abre uma nova área de desavenças entre a monarquia sunita da Arábia Saudita e a república islâmica iraniana, que apoiam lados opostos na Síria, no Iêmen e em outros conflitos na região.
“Devido a sabotagem constante do governo saudita, anunciamos que os peregrinos do Irâ terão negado o privilégio ir ao Hajj este ano, e a responsabilidade é do governo da Árabia Saudita”, disse o órgão iraniano em declaração na imprensa.
Mais cedo neste domingo, veículos da mídia saudita afirmaram que uma delegação do Irã deixou o país após a segunda de rodadas de conversa, novamente sem acordo. O governo da monarquia culpa os iranianos sobre os problemas.
“A questão de garantir a segurança dos peregrinos é muito importante para nós, especialmente considerando o martírio sofrido por peregrinos ano passado”, disse o ministro da Cultura do Irã, Ali Jannati, em entrevista na TV estatal.
Oito meses após o último Hajj, a Arábia Saudita ainda não publicou um relatório do desastre que matou 700 peregrinos (segundo números oficiais), a maioria esmagados durante uma correria.
O Irã já boicotou a peregrinação durante três anos após 402 peregrinos, a maioria iranianos, serem mortos em confrontos com as forças de seguranças sauditas em 1987, durante um protesto em Meca.