BRASÍLIA – As seis distribuidoras da Eletrobras no Norte e Nordeste, cujos contratos de concessão não serão renovados, devem começar a ser privatizadas pelo governo no segundo trimestre do ano que vem, num processo que se estenderá até o fim de 2017. A afirmação é do novo presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, que tomou posse oficialmente nesta quarta-feira.
? A decisão que foi tomada na assembleia nos dá o prazo para as privatizações até o ano que vem. O processo é complexo e deve começar a partir do segundo trimestre do ano que vem, indo até o fim do ano. Mas essa decisão ainda não existe. Esse cronograma não está consolidado ? disse Ferreira.
Na última sexta-feira, a Eletrobras decidiu não renovar as concessões de suas seis distribuidoras de energia no Norte e no Nordeste do país (Piauí, Alagoas, Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima). A decisão vai fazer com que a empresa deixe esse segmento do mercado de energia.
O presidente da Eletrobras afirmou que a empresa vai focar na geração e transmissão de energia. De acordo com ele, o valor da venda dos ativos vai ser apurado e que essas companhias melhorarão a situação de caixa porque vão passar a operar sem a licitação.
? A partir de quando a operação das distribuidoras passar a contar com os recursos dos encargos setoriais e de aumento de tarifas, vamos ter condições de fazer uma boa venda. E quem ganha são os consumidores. A maior dificuldade dessas empresas foi financeira. Na medida que a gente tem os recursos para operar dentro de equilíbrio, elas vão continuar avançando ? disse o executivo.
Ferreira descartou aumento extraordinário de tarifas para abastecer o caixa das distribuidoras. O dinheiro para operar o sistema virá de repasses da conta de luz e transferências da União, por meio de fundos setoriais. Além das distribuidoras do Norte e Nordeste, o governo federal já agendou para 19 de agosto o leilão da goiana Celg, que será o primeiro dos desinvestimentos previstos para a Eletrobras.
? Focar na geração e transmissão, tirar o que não era eficiente, vai permitir a Eletrobras voltar a ser a grande empresa que era. Nós temos que perseguir a eficiência e não o tamanho ? ressaltou Ferreira.
SEM DECISÃO SOBRE OUTROS ATIVOS
Na contramão de recentes declarações de ministros da área de infraestrutura, Wilson Ferreira Júnior disse que apenas as distribuidoras estão em processo de privatização e que não há decisão sobre a venda de participações da Eletrobras na Sociedades de Propósito Específico (SPEs). Há um mês, o Palácio do Planalto informou que o setor elétrico poderá levantar R$ 20 bilhões com a venda de participações da Eletrobras em mais de 170 SPEs nas quais a estatal detém posição minoritária.
? A decisão de vender ativos nós temos apenas da seis distribuidoras. Não tem nada à venda, a não ser essas seis distribuidoras, o que vai acontecer no prazo adequado.
Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que outros ativos da empresa serão vendidos.
? Não está descartado (se desfazer de outros ativos). Hoje a empresa tem necessidade de caixa muito grande. A expectativa é que nessa restruturação da empresa será necessário recursos e algum desses ativos serão desmobilizados ? disse o ministro.
Para o presidente da estatal, algumas SPEs são bons investimentos e se houver necessidade de vender algumas delas, será para reforçar o caixa. Ferreira defendeu que a estatal precisa recuperar sua credibilidade no setor elétrico internacional. Ele disse que vai trabalhar para a Eletrobras volte a ter ações negociadas na Bolsa de Nova York, onde recentemente a empresa teve que responder ao órgão de controle americano por atraso na entrega de informações.
? Estamos com uma comissão independente de investigação com um trabalho muito abrangente. A expectativa é que até setembro conclua os trabalhos dentro da empresa. E no dia 11 de outubro ir fazer a defesa na bolsa e a partir do dia 13 ter condições de operar em Nova York. É fundamental que a gente faça o melhor trabalho para voltar a operar as ações ? disse.