Cotidiano

Eduardo Cunha terá semana decisiva na Justiça e na Câmara

BRASÍLIA – O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) terá uma semana decisiva, com o vencimento de prazos para que apresente defesa no Supremo Tribunal Federal sobre o pedido de prisão feito pelo Procuradoria Geral da República. Rodrigo Janot, e do recurso na Comissão de Constituição e Justiça da Casa contra o processo de cassação dele no Conselho de Ética. Na quarta-feira, o Supremo também analisará nova denúncia contra ele, relativa às contas na Suíça, e poderá torná-lo réu em um segundo processo da Lava-Jato. Na tentativa de evitar sua cassação no plenário da Casa, por meio de aliados Cunha anunciou a intenção de fazer amanhã, terça-feira, um pronunciamento e dar coletiva à imprensa.

Na CCJ, o prazo para que Cunha entre com recurso questionamento tecnicamente o processo que aprovou o pedido de cassação de seu mandato termina na quinta-feira, dia 23. Na CCJ a análise é apenas de questões formais. Entre os questionamentos que devem ser feitos está o fato de o relator ser do DEM, mesmo partido que compõe o bloco do PMDB e que derrubou o outro relator. O relator Marcos Rogério (DEM-RO), no entanto, sustenta que era do PDT quando foi escolhido para relatar o processo e que só depois mudou de legenda, dentro da janela partidária, este ano. No Supremo, o prazo para apresentar a manifestação sobre o pedido de prisão de Janot termina nesta sexta-feira.

Durante todo o dia de hoje, os aliados devem se encontrar com ele na residência oficial da Câmara para saber qual a estratégia a ser adotada. Para aliados, a intenção de Cunha é voltar a falar com a imprensa, se defender e sinalizar aos deputados que não pretende tomar atitudes mais radicais, como a delação. Alguns especulam que ele poderia renunciar à Presidência da Casa. Mas outros avaliam que ele teria perdido o “timming” para tomar essa medida. Nesse momento, a renúncia teria pouco resultado prático, principalmente com aliados do PSDB, DEM e PPS e ainda acabaria com a benesse de poder permanecer na residência oficial e usar avião da FAB para se deslocar ao Rio.

Afastado da presidência e do mandato, Cunha não tem circulado pela Câmara. Dessa forma, acabou se afastando da maioria deputados que, em plenário, votarão o pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética. Os aliados acreditam que essa movimentação dele de falar com a imprensa tem a intenção de negar a delação _ já que essas ameaças irritam os deputados, que podem até votar pela cassação até para mostrar que não têm o “rabo preso” com Cunha.

? Ele vai fazer a campanha dele, tentar escapar da cassação, Vai se reinserir ao processo,volta a transitar, dar impressão de normalidade, baixar a temperatura e se defender. Não acredito em renúncia à Presidência da Casa já não adiantaria como moeda de troca, perdeu o momento ? afirmou um dos aliados.

? Ele está fragilizado, com essa decisão do conselho deu uma fragilizada, ele tem que repensar a estratégia, como tentar salvar o mandato. O Cunha tem lá seus problemas, que estão sendo investigados, mas existe foro específico para isso. Cassar mandato é muito radical ? disse um aliado próximo.

Cunha se tornou réu, em decisão unânime do Supremo, em denúncia por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina por contratos de dois navios-sonda da Petrobras.