SÃO PAULO ? Passava pouco das 23h quando o prefeito de São Paulo, João Doria, chegou ao Anhembi para acompanhar os desfiles da primeira noite das escolas de samba do Grupo Especial. A princípio, disse que sambar seria um “risco muito alto” a tomar. Mas, assediado continuamente, o prefeito se soltou, arriscou soquinhos no ar ao lado de uma ala da agremiação Tom Maior e, depois da passagem da escola, pegou uma vassoura e deu varridas na passarela do samba. Ensaiou passos de samba, levantou a vassoura pro ar ao lado de garis até que o coro da arquibancada tomou forma:
? Ei, Doria, vai tomar no c…
O tucano foi rapidamente retirado de cena pelos assessores e seguranças. Um deles afirmou que “ele foi muito mais aplaudido que vaiado”, outra atribuiu a “maloqueiros” a confusão. Sem perder o rebolado e o sorriso, Doria afirmou:
? Teve mais aplauso, mas ninguém é unanimidade ? garatiu, e seguiu sua jornada de centenas de selfies, que distribuiu por mais de uma hora.
No camarote da prefeitura, a festa era chamada por convidados de “carnaval da austeridade”. Nem mesmo água era de graça (a bebida saía por R$5). Redes de fast food como Bob’s e Giraffa’s vendiam seus produtos. Parte da renda obtida será dividida pela prefeitura e pela liga das escolas de samba.
? O Carnaval do ano passado custou pros cofres públicos R$14 milhões, o desse ano custou R$ 2 milhões. O camarote vai custar à prefeitura só R$170 mil. Não faz sentido a dona Maria de Parelheiros pagar bebida pra marmanjo ?afirmou o vice Bruno Covas, que pretendia sair cedo da festa, já que nos sábado irá cortar grama com o prefeito no Grajaú, periferia da capital paulista.
Doria exortou a própria economia, mas fez questão de dizer que não estava criticando o ex-prefeito Fernando Haddad, do PT.
A passarela do samba do Anhembi faz parte do pacote de equipamentos públicos que devem ser privatizados na gestão Doria. O prefeito, no entanto, afirmou que no ano que vem o palco das escolas ainda deve estar sob administração pública.