RIO – Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, o procurador Lauro Coelho Junior afirmou que, depois de terem sido afastados da Eletronuclear pela comissão independente que apurava irregularidades na estatal, diretores e superintendentes montaram um escritório – ou um QG, nas palavras de um dos acusados interceptados em escuta telefônica. A partir daí, segundo o procurador, eles continuaram tendo contatos com outros funcionários e influenciando na Eletronuclear. A ?Operação Pripyat? foi a estreia da força-tarefa no Rio e apura sobretudo desvios de recursos na Usina Angra 3.
Alvo principal da ação no Rio, o ex-diretor da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva. foi detido em sua casa, na Barra da Tijuca. Outro alvo da ação é o atual presidente da Eletronuclear, Pedro Figueiredo, afastado por ordem judicial. Não há mandado de prisão contra ele.
Figueiredo foi afastado das funções porque, segundo o MPF, há evidências de que ele cometeu favorecimento pessoal em favor de Othon Silva, interferindo no andamento das investigações internas que estavam sendo feitas por uma comissão independente criada pela Eletrobras, da qual a Eletronuclear é subsidiária.
A prisão de Othon foi pedida porque, mesmo em prisão domiciliar, o MPF alegou que ele continuava tendo influência na Eletronuclear. Sete funcionários da empresa, que integravam o núcleo operacional das fraudes, tiveram a prisão preventiva (prazo indeterminado) decretada. São ainda três mandados de prisão temporária (cinco dias), nove de condução coercitiva (quando o acusado é levado a depor) e 26 mandados de busca e apreensão.
Os principais alvos da operação são Luiz Antonio de Amorim Soares, Edno Negrini, Persio José Gomes Jordani, Luiz Manuel Amaral Messias e José Eduardo Brayner Costa Mattos, que ocuparam funções de direção ou superintendência nos altos escalões da Eletronuclear. Segundo o MPF, eles receberam propina em dinheiro vivo ou por meio de contratos fictícios, paga pela Andrade Gutierrez.