Cascavel – Os últimos meses têm exigido adaptação das pessoas, na rotina, no trabalho, inclusive nos relacionamentos. E, paradoxalmente, o movimento que obrigou o distanciamento, provocou uma aproximação maior, fez com que o contato entre pais e filhos se tornasse mais intenso.
A expressão “longe mas perto” nunca fez tanto sentido.
Alguns filhos precisaram limitar o contato com os pais através da tecnologia, pela internet e pelo telefone, talvez até com visitas rápidas, mas sem contato físico. Tudo para protegê-los, já que muitos estão no chamado grupo de risco.
Estar longe fisicamente exigiu que fossem fortalecidas as demonstrações de carinho a distância. E a saudade ajudou a evidenciar o amor.
Contudo, a correria do dia a dia acaba aliviando a falta do outro, mas as datas comemorativas não deixam esquecer. Neste Dia dos Pais, domingo, muitas comemorações serão diferentes, mas muito provavelmente com significado único.
“Apesar de morar na mesma cidade, este ano não vamos almoçar com meu pai, que tem 62 anos. Vai ficar cada um na sua casa e vamos fazer uma chamada de vídeo com ele e meus outros irmãos”, conta o administrador de empresas Vagner Ramos.
A enfermeira Luciana Almeida tem 42 anos e trabalha em um hospital de Cascavel, na triagem dos pacientes. É filha única e procurou alternativas para não deixar a data passar em branco, já que não poderá estar com o pai, que faz parte do grupo de risco. “Vou enviar uma cesta de café da manhã. Temos que entender que a preocupação com a saúde da nossa família precisa ser levada em conta. Quando tudo isso passar, ou melhorar, tenho certeza de que vamos ter uma visão mais profunda sobre a importância das pessoas nas nossas vidas e vamos querer estar sempre mais perto, juntinho, como a gente gosta”.
Nova visão
Se a distância evidenciou a importância do contato, a convivência diária “forçada” por conta das medidas de isolamento também provocou mudanças na vida de quem está passando a quarentena junto. Muitos pais e filhos que moram juntos fortaleceram laços e desenvolveram (ou identificaram) sentimentos importantes.
No caso do técnico em radioterapia Douglas Barth, pai do Raul de 9 anos, os dias juntos agora estão bem mais intensos. “Essa quarentena veio para mostrar o que realmente é importante, a nossa família. Os momentos com meu filho se intensificaram e a nossa proximidade aumentou de maneira maravilhosa. Jogamos videogame, brincamos de UNO, de dominó, de tudo um pouco, e está sendo ótimo. Passamos momentos fantásticos juntos”, comemora Douglas Barth.
O narrador esportivo Elísio Júnior vai passar o Dia dos Pais em Fortaleza, trabalhando. Mas ele conta que os últimos meses foram essenciais no fortalecimento da relação com o filho Eduardo Mendes, de 6 anos. “Com a correria do dia a dia, não passávamos muito tempo juntos. Durante esse período de quarentena, almoçamos no mesmo horário, assistimos a televisão juntos, conversamos e tenho ajudado nas tarefas… coisas que seriam básicas na rotina, mas que só com a pandemia passei a fazer mais”.
Márcia Imperator conta que as filhas Amanda, de 18 anos, e Gabriela, de 14, tornaram-se companheiras de trabalho do pai, Norberto. “Elas começaram a ajudar meu marido no trabalho. Ele é carvoeiro e me deparo com os três entrando em casa todo dia sujos, cobertos de carvão, mas muito felizes”, relata, orgulhosa.