BRASÍLIA, SÃO PAULO E RIO ? No mesmo dia em que o presidente Michel Temer realizou seu primeiro evento aberto desde sua posse, em 31 de agosto, protestos em ao menos nove estados pelo Brasil pedem sua saída e novas eleições. Políticos como o ex-ministro do governo Dilma Rousseff Gilberto Carvalho e o prefeito de São Paulo Fernando Haddad participam das manifestações.
Em Brasília, o Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios, foi o local de concentração de protestos agendados para começar depois do desfile cívico-militar. Com o impeachment de Dilma Rousseff consumado, o mote dos protestos na Esplanada, nesta quarta-feira, tem sido novas eleições. Diversas entidades, como MST, sindicatos, movimentos estudantis e coletivos LGBT, estão concentrados para começar uma passeata, assim que a Esplanada for liberada.
Com um cartaz, Gustavo Costa, 21 anos, estudante de gestão de políticas públicas, teme a perda de direitos da comunidade gay.
? Entendo que os avanços da população LGBT estão em perigo. Se um governo legitimamente eleito tem dificuldade para dialogar com a sociedade, imagine um que não foi eleito ? afirma o rapaz.
Ao lado de colegas de protesto, ele explica porque o país deveria fazer uma nova eleição:
? Estrategicamente, o mandato da Dilma está muito desgastado. Se houvesse eleições diretas, seria melhor, porque a via da democracia é sempre melhor.
Gilberto Carvalho, que fazia a interlocução com movimentos sociais no governo Dilma, participa da manifestação e se diz surpreso e feliz com a quantidade de pessoas protestando em Brasília. Segundo ele, trata-se de um movimento de resistência que continuará nas ruas.
? Eu sou cidadão e não posso ficar de fora. Estamos felizes e surpresos de que o povo está consciente e vai para rua.
Segundo ele, o afastamento de Dilma foi um golpe contra os mais pobres.
? Por trás disso tem o capital exigindo a fatura do Temer com reformas. Os pobres estão sendo tirados do orçamento. É um golpe no orçamento.
Com um cartaz bem-humorado satirizando a maneira formal de se expressar do presidente Michel Temer, em que se lê “Derrubá-lo-emos”, três amigos pedem novas eleições:
? O que deveria ter acontecido é a chapa Dilma-Temer ter sido cassada pelo TSE. Mas eles se acovardaram. Agora, que já conseguimos tirar a Dilma, falta o Temer ? diz Vítor Rebelo, 21 anos, estudante de Direito.
A ideia o cartaz veio do também estudante de Direito Caetano Nunes, de 18 anos.
? É mais uma sátira contra o linguajar dele. A gente vive tirando sarro do jeito que ele fala ? conta, rindo.
Às 11h50, uma estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) calculava 2.700 manifestantes no local.
RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO
No Rio de Janeiro, pouco depois das 11h, depois de encerrada a parada militar de 7 de Setembro na Avenida Presidente Vargas, na Região Central, a Polícia Militar liberou parte da via para uma manifestação contra o governo Temer que reúne algumas centenas de pessoas.
O grito de “Fora Temer” é o que une grupos heterogêneos que participam do ato. Protestos contra as reformas tributária e trabalhista que serão enviadas pelo governo ao Congresso também são pautas comuns. Há bandeiras de centrais sindicais, como a CUT e a CTB, de movimentos sociais, como a Fist (Frente Internacionalista dos Sem Teto), de siglas políticas de esquerda, como PT, PSOL, PCdoB, PCO e PCB e até grupos que se declaram contrários a eleições e incluem a ex-presidente Dilma como alvo dos protestos.
A previsão é que a manifestação siga da esquina da Avenida Presidente Vargas com a Rua Uruguaiana até a Praça Mauá, também no Centro do Rio.
Em São Paulo, o “Grito dos Excluídos” segue de forma pacífica em direção ao Monumento às Bandeiras, ao lado do Parque Ibirapuera, na Zona Sul. O ato organizado pela Central de Movimentos Populares (CMP) protesta contra o sistema capitalista e o governo de Michel Temer. Concorrendo à reeleição, Fernando Haddad (PT) compareceu ao protesto acompanhado pelo ex-secretário e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT).
Há manifestações ainda em Pernambuco, Minas Gerais, Goiás, Rondônia, Bahia e Santa Catarina.