Agronegócio

Deral revê produção e aumenta quebra da safrinha para 59,6%

A nova estimativa é de que sejam produzidos 5,9 milhões de toneladas

Milho Safrinha - Foto: Fábio Donegá

Cascavel – O Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, reduziu novamente a previsão de produção de milho da segunda safra 2020/21. A nova estimativa é de que sejam produzidos 5,9 milhões de toneladas, queda de 186 mil toneladas em relação ao que se previa em julho.

Se fosse uma safra normal e seguisse a previsão inicial, os produtores estariam colhendo 14,6 milhões de toneladas de milho. A redução é consequência da longa estiagem enfrentada pelo Paraná, das duas geadas mais fortes deste ano e da incidência de pragas, sobretudo a cigarrinha, que provoca a doença conhecida como enfezamento.

“A perda no campo é de 8,7 milhões de toneladas e isso está impactando o mercado em termos de abastecimento”, disse o técnico do Deral Edmar Gervásio. Segundo ele, o Estado pode precisar buscar fora em torno de 5 milhões de toneladas, o que já começa a ocorrer com milho vindo até do Nordeste do País e de países como Paraguai e Argentina.

Trigo

Dentre as culturas de inverno, o Deral reduziu também a estimativa de produção do trigo. Em julho, projetava-se 3,9 milhões de toneladas. Agora, foi rebaixado para 3,7 milhões, mas ainda assim superior à anterior, de 3,2 milhões de toneladas. Também houve correção de área, passando de 1.136 mil hectares para 1.213 mil. “A produção chegaria a 4 milhões de toneladas se não tivessem perdas”, disse o agrônomo Carlos Hugo Godinho.

Por enquanto, as perdas são de 7% em relação ao potencial, principalmente por causa das geadas no oeste e pela manutenção da seca no norte do Estado. No entanto, há previsão de chuvas para os próximos dias. “Caso se confirmem, dão condição bastante favorável para não perder mais, e aquelas que ainda têm possibilidades, de se desenvolverem muito bem”, afirmou Godinho.

Safra de verão crescerá 9%

A primeira projeção para a safra de verão 2021/22, divulgada ontem pelo Deral, aponta crescimento de 9% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. A previsão é de que sejam produzidas 25.509.900 toneladas em 6,2 milhões de hectares contra 23.301.770 em 6,1 milhões de hectares na safra 2020/21.

Dentre os principais grãos produzidos no Estado na safra de verão, também chamada de primeira safra, a soja deve render 20.954.700 toneladas, aumento de 6% em relação à primeira safra do ciclo 2020/21, quando foram colhidas 19.768.900 toneladas. A área reservada pelos produtores para o plantio é de 5.616.770 hectares, acréscimo de 1% em relação ao período anterior.

Já de milho, devem ser produzidas 4.116.200 toneladas, volume 32% superior às 3.115.200 toneladas do mesmo período no ciclo anterior. Em termos de área, os produtores ampliaram de 372,5 mil hectares para 422 mil hectares (+13%).

Cascavel decreta Situação de Emergência

Motivada pela crise hídrica que assola o Município e o Paraná, Cascavel está em Situação de Emergência. O decreto municipal foi publicado nessa quinta-feira (26) no Diário Oficial do Município, assinado pela Defesa Civil e pelo prefeito Leonaldo Paranhos. A medida permite a renegociação de dívidas dos produtores rurais e possibilita a prefeitura buscar recursos do governo do Paraná e do governo federal.

O ato atende um pedido do Sindicato Rural de Cascavel e da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná). “São mais de R$ 600 milhões em prejuízos produtores rurais em Cascavel em 2021. Esse decreto vai ajudar a recuperar o fôlego de produtores que tiveram grandes perdas, renegociando dívidas”, comentou Paulo Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel.

O Sindicato Rural de Cascavel, com apoio da Faep e de outras entidades, como o Deral e a Secretaria de Agricultura de Cascavel, elaborou um laudo baseado em dados oficiais para detalhar a crise vivida pelo setor. O documento corroborou a decisão do decreto de Situação de Emergência.

A estiagem no Município em 2020 causou inúmeros problemas na agropecuária. Além de ser umas das mais duradouras que se tem notícia, a pior nos últimos 100 anos, prejudicou o abastecimento de água, tanto para proprietários, plantações, pastagens e animais, pois muitas nascentes e poços secaram, como também houve a redução de água nos rios e para a agricultura, nas 4.915 propriedades rurais do Município. A situação se perdurou em 2021, que, além da seca, também registrou fortes geadas, que castigaram o setor agro.

As perdas de produção sofrida pelos produtores rurais, nas diversas atividades do Município, correspondem a exatos R$ 602.313.866,67 em 2021.

“São enormes prejuízos ao setor. E também à sociedade, já que o custo de alimentos subiu. Ficamos felizes com a decisão do prefeito Paranhos, pois esse decreto possibilita renegociação de dívidas dos produtores, assegurar perdas que podem estar sendo negadas por seguradoras e também permite ao município buscar recursos na esfera estadual e federal”, comentou Paulo Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel.

O decreto municipal detalhou que o nível de chuva nos últimos anos foi abaixo do normal, com destaque para o período entre janeiro e dezembro de 2020, que choveu apenas 2020 milímetros, 50% abaixo do habitual. A situação se agravou neste ano, pois até 15 de agosto, de acordo com o Simepar, choveram apenas 647 milímetros, muito abaixo do necessário.

Recursos

Em reunião do Comder (Conselho de Desenvolvimento Rural de Cascavel), realizada ontem, o coordenador da Defesa Civil de Cascavel, Marcio Ribeiro, explicou que a decisão é importante, além de possibilitar essa renegociação aos produtores, de facilitar a busca de verbas estaduais e federais.

“Assim podemos buscar recursos para construção de poços artesianos, irrigação e também para caminhões pipa, já que várias propriedades rurais já tem falta de água para os animais”, informou.