Cotidiano

David Letterman diz que talk-shows têm 'obrigação' de falar sobe Trump

65590515_FILE - In this Sept 18 2016 file photo David Letterman stands near victory lane and watches.jpgRIO – Fora dos holofotes desde que se aponsentou de seu programa “The late show”, em maio do ano passado, o apresentador David Letterman rompeu o silêncio e concedeu uma entrevista à “New York Magazine”, na qual critica Donald Trump e relata como seria a conversa com o presidente americano caso ainda comandasse o talk-show.

“Teriam que me tirar do ar”, disse Letterman ao admitir que não pararia de falar sobre Trump.

Segundo ele, é um “obrigação” dos apresentadores em atividade tocar no assunto.

“Já imaginou não fazer piadas sobre o Trump? Seria bizarro”, disse Letterman, elogiando o intenso tom político do programa “Saturday night live” desde a posse do presidente, em especial a maneira com que o ator Alec Baldwin satiriza os trejeitos de Trump. “Comédia é uma das coisas que usamos para nos proteger. Alec Baldwin merece uma Medalha Presidencial da Liberdade. Infelizmente, ele não vai conseguir isso desse presidente.”

O ex-apresentador, que estreou no “Late Show” em 1982, também opinou sobre o polêmico episódio do “The tonight show” em que o colega Jimmy Fallon recebeu duras críticas ao pegar leve com Donald Trump durante uma entrevista. Na ocasião, Fallon evitou confrontar as políticas do presidente, e, no lugar, brincou de bagunçar o cabelo do convidado.

“Não quero criticar o Jimmy Fallon, mas posso dizer que eu teria feito nessa situação: eu teria dado trabalho para o Trump. Mas o lance é que você não precisa inventar uma premissa satírica muito complicada para fazer piadas sobre ele”, afirmou.

Por fim, Letterman, que atualmente usa longas barbas grandes, disse estar curtindo a aposentadoria, e comentou o formato atual dos principais talk-shows, que frequentemente se sustentam por meio de vídeos virais replicados nas redes sociais e de celebridades convidadas para promover um filme ou outra obra.

“Em algum momento, os publicitários passaram a comandar os talk-shows”, disse. “Eles quem agendavam os entrevistados. Tinham seis ou sete nomes, então você tinha que ser terrivavelmente bonzinho com o ‘Convidado A’ se você quisse o ‘Convidado B ou C'”.