Cotidiano

Cuba proíbe que ruas e monumentos ganhem nome de Fidel Castro

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SANTIAGO, Cuba ? O presidente cubano, Raúl Castro, anunciou que Cuba proibirá que ruas e monumentos ganhem o nome do seu irmão, o ex-presidente Raúl Castro. A declaração veio no último evento de homenagem póstuma ao líder guerrilheiro, na noite de sábado, enquanto os cubanos se preparam para o sepultamento das suas cinzas neste domingo. Segundo o Raúl, a decisão foi tomada com base no desejo do irmão de evitar o culto à sua personalidade; e, por isso, a construção de estátuas do ícone da revolução cubana também está proibida.

? O líder da revolução rejeitou qualquer manifestação de culto à personalidade e foi consistente quanto a isso nas suas últimas horas de vida, insistindo que, quando morresse, seu nome e sua imagem jamais seriam usados em instituições, ruas, parques ou outros locais públicos. E que bustos, estátuas ou outras formas de tributo jamais seriam construídas ? disse Raúl Castro a uma multidão reunida na cidade de Santiago.

O presidente acrescentou que a Assembleia Nacional votaria, em sua próxima sessão, a lei para realizar os desejos do seu irmão, que morreu aos 90 anos no dia 25 de novembro. O Legislativo geralmente realiza uma reunião em dezembro e, no sistema de partido único do país, o Parlamento aprova todas as propostas do governo por unanimidade ou quase unanimidade.

A despedida de Fidel tem sido intensa em toda a ilha caribenha desde a sua morte, particularmente na zona rural do Leste de Cuba. Multidões se reuniram nos últimos dias e fizeram filas nas estradas para assistir à passagem do comboio que transportou as cinzas do líder comunista pelo país.

? Todos nós gostaríamos de colocar o nome de Fidel em tudo, mas, no final, Fidel é tudo de Cuba ? disse Juan Antonio Gonzales, um economista aposentado de 70 anos. ? Foi uma decisão de Fidel, e não de Raúl, e acho que deva ser respeitada.

ÚLTIMA HOMENAGEM

A primeira hora da cerimônia de sábado foi marcada pelos discursos de lideranças cubanas, apesar da presença de diversas personalidades do mundo, incluindo os ex-presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Os dois foram saudados pelo público com os gritos de ?Dilma e Lula, Santiago os saúda?. Também estavam presentes os presidentes da Bolívia, Evo Morales; da Nicarágua, Daniel Ortega; e da Venezuela, Nicolás Maduro.

No evento, Raúl fez um discurso em que jurou lealdade à revolução iniciada pelo seu irmão:

? Sim, se poderá superar qualquer obstáculo, turbulência ou ameaça para construir o socialismo em Cuba ou, o que é a mesma coisa, garantir a independência e a soberania da pátria ? disse, em uma referência aos EUA.

Diferente da cerimônia de terça-feira passada em Havana, onde havia certa apatia e a população usava adesivos fornecidos pelo governo, o público presente em Santiago de Cuba se mostrou mais engajado ao cantar o Hino Nacional e nas demonstrações de afeto a Fidel, entoando palavras de ordem, como “Eu sou Fidel” e “Fidel gigante, eterno comandante”.

O funeral de Fidel Castro em Santiago de Cuba é emblemático. A cidade é berço da Revolução socialista de 1959 e é considerada um berço de rebeldes, tendo a alcunha de ?cidade de heróis?. As cinzas de Fidel Castro serão depositadas ao lado do mausoléu de José Martí, herói da independência cubana, em cerimônia marcada para 7h (hora local) de domingo.