Cotidiano

Criticado por mulheres, Trump faz homenagem para elas: 'Tremendo respeito'

RIO ? O presidente dos EUA, Donald Trump, resolveu dedicar seus tradicionais tuítes matutinos às mulheres, já que nesta quarta-feira comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Acusado de machismo repetidamente desde a sua campanha presidencial, o republicano não costuma ser exatamente o queridinho delas. Pelo contrário, foi alvo de um grande movimento chamado de Marcha das Mulheres em várias cidades ao redor do globo um dia após tomar posse. Mas, hoje, emitiu uma mensagem para expressar respeito pela importância feminina para o mundo.

“Eu tenho um tremendo respeito pelas mulheres e os seus muitos papéis vitais para a nossa sociedade e a nossa economia”, escreveu o presidente. “No Dia Internacional da Mulher, junte-se a mim para honrar o papel crítico das mulheres nos EUA e ao redor do mundo”.

Não foram poucas as vezes em que o republicano foi alvo de críticas das mulheres, sobretudo em assuntos sensíveis. O governo de Trump é um dos mais críticos ao aborto da história moderna dos Estados Unidos, com seu vice Mike Pence liderando essa posição. Em seu terceiro dia de governo, o presidente assinou uma ordem para limitar a ajuda financeira a ONGs estrangeiras que realizam abortos.

A medida ? inicialmente estabelecida pelo então presidente Ronald Reagan em 1984 ? bloqueia o financiamento federal a organizações internacionais de planejamento familiar que realizam abortos ou promovem o procedimento ao oferecer informações a pacientes sobre o tema. Desde que a política foi criada, entrou na batalha política dos EUA: os democratas a suspenderam e os republicanos a reestabeleceram.

Além disso, em um dos maiores golpes à campanha presidencial republicana no ano passado, a imprensa americana publicou uma antiga gravação, em que Trump faz comentários constrangedores. No áudio de 2005, ele descrevia, com linguagem vulgar e palavrões, seus métodos para seduzir mulheres. Dentre suas frases, usou a expressão “grab them by the pussy” ? “agarre-as pela vagina” ?, que foi considerada ao redor do mundo todo como altamente ofensiva. Na gravação, o magnata dizia que podia fazer o que quisesse com as mulheres, sobretudo, porque é um homem muito rico.

Nas duas semanas posteriores ao vazamento da gravação, pelo menos 11 mulheres denunciaram publicamente ter sido alvo de assédio sexual por Trump no passado. A sua campanha negou toda as histórias, e o republicano pediu desculpas pelas bravatas, afirmando serem ?papo de vestiário? que não descrevem um comportamento de fato.

? Cada uma destas mulheres mentiu quando veio à frente prejudicar minha campanha ? afirmou Trump. ? É uma total mentira, estes eventos nunca aconteceram. Todas estas mentirosas serão processadas depois que a eleição tiver terminado.

E a tensão de Trump com as mulheres também chegou, é claro, à sua árdua disputa nos palanques contra sua ex-rival democrata, Hillary Clinton. Ele acusou a democrata de se aproveitar da sua condição de mulher ? em suas palavras, usar sua ?carta feminina? ? para conquistar o eleitorado.

? Se Hillary Clinton fosse homem, não acho que ela conseguiria 5% do eleitorado ? disse, acusando a democrata de tentar usar prerrogativas femininas para avançar na disputa. ? Tudo que ela tem é a carta feminina. E a melhor parte é que as mulheres não gostam dela.

Não demorou para que os internautas reagissem à polêmica lançada por Trump sobre Hillary, que acumula os títulos de advogada, especialista em políticas públicas, ex-senadora, ex-secretária de Estado e ex-primeira dama. A onda de críticas veio acompanhada de uma forte resposta de Hillary, que rechaçou os comentários do rival:

“Mulheres ainda enfrentam muitas barreiras ? um presidente nao deveria ser parte do problema. Comentários como o de Trump nos fazem retroceder”, respondeu Hillary pelas redes sociais.