CURITIBA – O juiz federal Sérgio Moro disse que o “Congresso deve mostrar em que lado se encontra” em um evento sobre combate à corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba, na manhã desta segunda-feira. De acordo com o juiz, é natural esperar que o Congresso aprove pelo menos algumas das Dez Medidas, se realmente estiver disposto a combater a corrupção sistêmica no país, acrescentando que não há a pretensão de apresentá-las ?como se fossem dez mandamentos?.
– Em outras palavras, sem querer ser maniqueísta ou outra coisa que o valha, é o Congresso mostrar em que lado se encontra nesta equação – disse o juiz federal.
Moro também disse que se assusta ao ouvir certas críticas sobre as medidas criadas pelo Ministério Público Federal, mas concorda que algumas são polêmicas.
– Ninguém nunca imaginou discutir validação de confissão obtida sob tortura. Isso é um delírio. Mas se o problema é esse, tira essa parte, não me parece que é essencial. Ninguém tem a pretensão de apresentar isso como se fossem dez mandamentos ou coisa que o valha – ponderou o juiz.
DELTAN DEFENDE APROVAÇÃO DE TODAS AS MEDIDAS
Já o procurador Deltan Dallagnol, que falou antes de Moro, defendeu que as medidas devem ser aprovadas em sua totalidade, pois são complementares.
– De nada adianta uma punição adequada se demorar vinte anos – explicou o procurador.
Dallagnol também rebateu as críticas de que as medidas são para dar mais poder ao MPF.
– As dez medidas buscam trazer para o Brasil o que existe em países que são berços da democracia mundial – enfatizou o procurador.
Tanto Moro como Dallagnol foram bastante ovacionados pela plateia do evento, em sua maioria composta por participantes de grupos de combate à corrupção e alguns parlamentares.
Assim que entrou no plenário, Moro acenou para quem gritava “Viva Sérgio Moro”. A mesma manifestação ocorreu ao término da apresentação do juiz. Os participantes também gritaram “Lula na cadeia” e “Fora Renan”.
Dallagnol também foi bastante aplaudido, sobretudo por parlamentares, quando disse que o MPF não concorda com a tese de que todo político é corrupto.
*Especial para O GLOBO