Cotidiano

Comunidade científica lamenta morte do pesquisador Sérgio Ferreira

RIO – A comunidade científica brasileira está de luto após a morte do presidente de honra da Socidade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Sérgio Henrique Ferreira, que presidiu a entidade duas vezes, entre 1995 e 1999. Farmacologista e médico, o pesquisador ficou conhecido mundialmente após a descoberta do medicamento Captopril, amplamente usado no combate à hipertensão.

O remédio foi desenvolvido depois da descoberta de Ferreira sobre o ?fator de potencialização da braticinina?, peptídeo derivado do veneno da jararaca. De acordo com uma nota de pesar emitida pela SBPC, o primeiro trabalho sobre as propriedades da substância foi publicado no periódico “British Journal of Pharmacology”, em 1965. Os estudos levaram a uma nova classe de substância hipotensora. Segundo a entidade, estima-se que a venda mundial desses medicamentos já movimentou mais de US$ 8 bilhões.

Graças a essa pesquisa, o cientista brasileiro recebeu, juntamente com outros dois cientistas, em 1983, o Prêmio Ciba para Pesquisa sobre Hipertensão, outorgado pela Associação Americana do Coração. Em 1990, a Sociedade de Hipertensão Norueguesa instituiu o Prêmio Ferreira, que passou a ser entregue a cientistas que se destacassem na área de hipertensão.

Filho de mãe farmacologista e pai médico, Ferreira se iniciou na carreira de pesquisador logo que se formou em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP). Ao longo da carreira, ele angariou dezenas de prêmios, títulos e homenagens, como a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe da Grã-Cruz, de 1996, e o primeiro prêmio por excelência em pesquisa sobre a dor e gerenciamento em países em desenvolvimento (2005), da Associação Internacional de Estudos sobre a Dor (IASP, na sigla em inglês). Também recebeu, em 1990 e 1992, o prêmio da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS).

Membro da Academia Nacional de Ciências, dos EUA, e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o professor do Departamento de Farmacologia da USP em Ribeirão Preto orientou mais de 20 teses de doutorado e teve mais de 300 artigos publicados em periódicos científicos.

O corpo do cientista foi velado no prédio central da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, nesta segunda-feira. O enterro aconteceu no cemitério Bom Pastor, na mesma cidade.