Cotidiano

Complexo Macrorregional deve amenizar caos de leitos

Cascavel – A ideia de unificar a Central de Leitos e as Centrais Regionais de Regulação de Urgência e Emergência foi apresentada ontem na sede da Amop (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná), em Cascavel, a gestores municipais de saúde, diretores de Regionais de Saúde e profissionais do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) pelo diretor de Políticas de Urgência e Emergência, Vinícius Filipak.

O chamado Complexo Regulador Macrorregional pode amenizar o grande problema enfrentado especialmente na região oeste do Estado com a falta de leitos hospitalares. “Unificando a Central de Leitos e as Centrais do Samu, vamos aperfeiçoar o processo, diminuindo a burocracia para a busca de leitos e ao mesmo tempo aumentar o leque de opções, já que as macrorregiões vão englobar muito mais municípios do que hoje, tendo mais prestadores de serviço e a possibilidade de mais leitos para as transferências”, explica Vinícius.

A proposta é dividir o Estado em quatro grandes regiões, com cidades referência: Cascavel, Maringá, Londrina e Curitiba. A macrorregião de Cascavel é formada pelas Regionais de Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu e Toledo, totalizando 94 municípios. E a partir disso um comitê gestor deve auxiliar na gestão dessas macrorregiões.

Além de Curitiba, onde um projeto-piloto já está sendo implantado, a região oeste será a primeira a receber a mudança por ser a que mais apresenta dificuldades com a falta de leitos. A implantação deve ser gradativa e a expectativa é que a implantação seja concluída em seis meses, já que são etapas de elaboração dos projetos com os gestores regionais, que passam por aprovação e depois recebem o recurso.

Para o secretário de Saúde de Cascavel, Rubens Griep, que faz parte da elaboração do projeto para a implantação do novo sistema, a unificação das regiões é a única forma de melhorar o atendimento. “Não é possível organizar a baixa média e a alta complexidade em populações menores de 2 milhões de habitantes. Você não consegue ter economia de escala e produção suficientes para manter a alta complexidade, por isso é necessário trabalhar com as macrorregiões”, enfatiza Rubens.

Varredura nos prestadores

Para o diretor técnico do Consamu, Rodrigo Nicácio, na prática, a principal preocupação é para onde os pacientes serão levados: “Nós precisamos ter certeza de onde vamos levar os pacientes. A garantia de que tenha leitos disponíveis para que o processo realmente funcione. Além das equipes de todas as regionais estarem em sintonia e acionarem o Samu para atendimentos que realmente competem a ele”.

Para isso, o diretor de Políticas de Urgência e Emergência, Vinícius Filipak, explica que deve haver uma varredura nos prestadores de serviços e uma avaliação da qualidade do serviço prestado de cada um deles. “Nós precisamos ver como está o processo como um todo. Ver o que está e o que não está funcionando. Colocar o paciente certo no lugar certo, por exemplo, um paciente com fratura na perna precisa ir a um hospital que atenda ortopedia, o que nem sempre vem acontecendo. Já que muitos prestadores não oferecem o que é necessário”, enfatiza.

Mesma opinião do secretário de Cascavel, Rubens Griep. “Nós temos prestadores de serviços que custam muito e não oferecem estrutura. Nós fizemos um levantamento de custo por paciente em hospitais da região e verificamos que em hospitais de pequeno porte, que muitas vezes não têm UTI [Unidade de Terapia Intensiva] nem plantão noturno, cada paciente custa em média R$ 40 mil, enquanto no HU [Hospital Universitário de Cascavel] o custo por paciente é de R$ 1.700. Esse dinheiro está sendo gasto e não é aproveitado. Com esse Complexo, a possibilidade de prestadores que podem ser pactuados aumenta e consequentemente a qualidade do serviço também, o que vai refletir no processo todo”, explica.

Rubens ressalta ainda que a mudança não é fácil de ser realizada, porque envolve uma série de prefeituras e instituições, mas é necessária.

Financiamento

O financiamento do Samu é atualmente tripartite: da União, do Estado e dos municípios. Com a implantação do Complexo, o Estado se propõe a gradativamente financiar 100%. Isso pode significar uma diminuição de custos para os municípios. Hoje, eles pagam cerca de R$ 1,39 por habitante para a manutenção do Consamu (Consórcio Intermunicipal Samu Oeste). Com a mudança, esse valor deve ficar em R$ 1,10.