Cotidiano

Como funciona a canonização sem milagre?

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RIO ? O processo de canonização é complexo e demorado, mas em alguns casos excepcionais, o Papa pode pular algumas etapas. A chamada canonização equipolente, ou equivalente, pode transformar um postulante em santo sem a comprovação de milagres. Esse instrumento é utilizado principalmente em casos de martírios ocorridos há muitos anos, pois o cumprimento de requerimentos do processo normal, como entrevistas com testemunhas, seria dificultado.

? Demora um tempo excepcionalmente longo para reunir dados e entrevistar testemunhas para a investigação de milagres ? explicou Donald Prudlo, da Universidade Estadual de Jacksonville, em entrevista à Rádio Vaticano. ? Dada a evidência de um culto universal, o Papa pode prosseguir sem a necessidade de uma investigação canônica formal.

Normalmente, o postulante se torna um ?Servo de Deus?, com a abertura do procedimento. Se ele apresentar as virtudes necessárias, é proclamado ?Venerável?, sem dias festivos ou igrejas em sua homenagem, mas pode ter rezas e materiais impressos em seu nome. Caso se prove um milagre por sua graça, o postulante pode ser beatificado, e ser adorado pela diocese local. A canonização acontece com a comprovação de um segundo milagre. Ao se tornar santo, o postulante é inserido no calendário universal da igreja e pode ser adorado em todo o mundo.

Com a canonização equipolente, o Papa pode elevar um candidato ao status de santo sem a necessidade de comprovação de milagres, desde que três requisitos sejam cumpridos: a prova da antiguidade e constância do culto ao candidato a santo, o atestado histórico de sua fé católica e de suas virtudes, e a fama de milagres por ele intermediados. Foi esse o procedimento adotado para a canonização do Padre José de Anchieta, e, nesta semana, com os Mártires de Cunhaú e Uruaçu.

? O Papa Francisco, muito sensível a causas de martírio, determinou que iria canonizar os mártires mais antigos, dispensando o milagre ? explicou Dom Jaime Vieira Rocha, Arcebispo de Natal. ? Em casos de martírio, após a comprovação histórica, pode-se dispensar o milagre. O Papa tem essa prerrogativa.

Esse tipo de procedimento é usado há séculos dentro da Igreja Católica. Pelo Papa Francisco, ele foi utilizado para a canonização do Papa João XXIII, que se tornou santo na mesma cerimônia que João Paulo II, em 2014.