Cascavel – Quem nunca fez uma reflexão da vida nesta época do ano que “solte o primeiro rojão”. A época de Natal e Ano Novo é propícia para fazer um balanço de como foi o ano que passou, uma verdadeira “revisão de consciência” e as perguntas naturais são: Atingimos as metas que traçamos? Evoluímos como pessoa? Erramos menos e acertamos mais? O fato é que a virada de ano, acaba sempre trazendo à tona algumas questões para a vida das pessoas.
A psicóloga Deise Rosa (CRP 0809425), especialista em luto e mestre de educação, conversou com a reportagem do Jornal O Paraná e falou um pouco sobre o tema. Segundo a profissional, é importante que em datas especiais e em encerramento de ciclos, haja essa reflexão por parte de cada um. Naturalmente, que alguns vão comemorar o resultado, já outros acabam ficando depressivos e tristes porque percebem que não atingiram os objetivos propostos.
O fato, segundo Rosa, é que mesmo que as pessoas projetem apenas coisas boas, desejem para ele e para o próximo as maiores alegrias, mesmo assim, vão acontecer coisas que não estavam previstas e isso vai acontecer não apenas na parte emocional, mas em todos os setores da vida, desde a família, amigos e trabalho, por exemplo. “É importante desejar coisas boas, mas a vida não é feita só disso. Eu desejaria que todas as pessoas fossem apenas felizes, mas isso não acontece e temos que ter sabedoria para lidar com os momentos difíceis”, explicou Deise.
“Sociedade do Espetáculo”
Para ela, os ciclos são importantes para pensarmos no que temos de melhorar, mas que atualmente vivemos a “sociedade do espetáculo”, com um tom de cobrança de que as pessoas devam estar bem, mas nem todos os dias estamos apenas bem e sorrindo e isso é humano. “O problema não está nas redes sociais, mas em achar que todas pessoas são perfeitas e que tem uma vida perfeita”, reforçou.
Para Deise, no caso em que as pessoas que não estão bem e se deparam com este tipo de situação, de que todos são felizes e “perfeitos”, acabam se sentindo diferente da maioria e que não se enquadra neste perfil de sociedade. “Pensam que só ela está com problemas, não está feliz, mas não é isso. É importante entender esse processo, já que todos somos humanos e temos as nossas fragilidades”, salientou.
Culpa é do outro
Outra situação bem interessante que a psicóloga destacou é relacionada aos comportamentos e sentimento de que sempre é “culpa do outro”. Deise Rosa explicou que durante o ano a gente fica no “mas”, ou seja, eu deveria ter sido, “mas também ele me fez isso”, “mas também fez aquilo”. A grande maioria das pessoas está sempre procurando justificativa no comportamento do outro, procurando demonstrar que o “meu eu” é perfeito, porém, muitas vezes a pessoa é grosseira, deixa a desejar, é invejosa, faz fofoca e tem angústias. “Todos temos problemas e defeitos e como nunca vamos ter tudo, é natural basear a vida como a do outro”, disse.
O fato é que muitas pessoas mesmo enfrentando dificuldades acabam vivendo de forma mais leve, mesmo diante de perdas importantes. Especialista na área do luto, ela analisa que cada pessoa encara a dor de uma forma, que diante das perdas, cada um reage de um jeito e que o importante é sempre frisar que não tem mais ou menos dor, mas cada um tem a sua dor.
“A maior dor humana é perder alguém. E a dor é individual, porque quando toca em mim ela é a pior. A sociedade tem uma certa mania disso, mas não podemos comparar dores, amores e rancores. Não devemos julgar, mas, sim, sermos solidários e nos colocarmos no lugar do outro. Todos temos o direito de sentir a audiência, de viver o luto, cada um da sua forma”, analisou a psicóloga.
Evolução pessoal
Ainda sobre a “virada de ano”, Deise Rosa reforçou que é importante que as pessoas façam então um balanço de como foi o ano que passou e estabelecer metas para sua vida no novo ano, que abre também um novo ciclo. A dica é não pensar apenas nas coisas materiais, mas fazer uma lista de que promova a sua evolução pessoal. “Analisar aonde eu consegui ser melhor no ano que passou e como vou agir para seu um pouco melhor. É assim que conseguimos melhorar e avançar”, completou.
Foto: Secom/ABR