ATENAS E BRUXELAS – Os ministros das Finanças dos países da zona do euro discutirão a elevada dívida grega ? atualmente em torno de 180% do PIB ? na segunda-feira, sem grandes expectativas de entendimento, com Alemanha e o Fundo Monetário Internacional (FMI) divergindo sobre as estratégias para a recuperação do país. Enquanto isso, o primeiro ministro da Grécia, Alexis Tsipras, e o presidente francês, Francois Hollande, defendem revisão dos termos do resgate financeiro, e o vice-primeiro ministro grego, Yannis Dragasakis, já fala em testar o mercado de capitais na primeira metade de 2017, para um retorno total em 2018.
O FMI avalia que a dívida grega chegou a um nível insustentável e que é necessária alguma fórmula de alívio para os débitos a fim de permitir que o país se reequilibre. Sem uma revião dos acordos, o Fundo se recusa a participar de um terceiro pacote de resgate. Porém, a Alemanha ? às vésperas de eleições legislativas ? defende que a Grécia pode se recuperar, desde aplique as reformas exigidas pelos credores e alcance a meta de superávit de 3,5% em 2018, quando acaba o resgate.
Atenas teria de realizar esforços adicionais e aplicar novas medidas de ajuste após o fim do programa de ajuda, aponta o FMI, para atingir a meta de superátvit. Mas o governo grego rechaça esta hipótese e ameça deixar a mesa de negociações, deixando a questão para outra reunião, em dezembro. Esta ideia assusta os negociadores, pois a dívida grega foi tema de exaustivos encontros nos últimos anos.
?O [encontro do] Eurogrupo pode não ser conclusivo?, reconheceu o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, que dias antes, em Atenas, havia se mostrado otimista sobre um acordo ?antes do fim do ano?.
Após três anos de uma política de austeridade impopular, que deu força a um sentimento antieuropeu no bloco, o objetivo de Moscovici é estimular o crescimento da zona do euro em conjunto. Nesse sentido, a Comissão Europeia propôs aumentar o gasto público em 0,5% do PIB na Zona do Euro. A perspectiva foi rejeitada especialmente pela Alemanha e pela Holanda, únicos países que fizeram todo o dever de casa prescrito para sanar as finanças nacionais. ?O papel da Comissão [Europeia] é avaliar se os pressupostos (…) de cada país correspondem às regras? europeias, reclamou no parlamento o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble.
Nos bastidores de uma conferência em Abu Dhabi, Alexis Tsipras e François Hollande concordaram que o resgate grego precisa ser revisto, que um acordo tem de ser atingido na segunda-feira e que um alívio para a dívida grega tem de definido até o fim do ano.
Por sua vez, o vice-primeiro ministro Yannis Dragasakis pediu, em artigo publicado no jornal ?Efimerida ton Syntakton?, que os credores oficiais da Grécia façam uma avaliação positiva do processo de resgate do país, na reunião de segunda-feira e enviem uma “mensagem de esperança para o povo grego e toda a Europa”.
Para testar o mercado em 2017, a Grécia precisa ser incluída no programa de compra de ativos do Banco Central Europeu, disse ele. Para que isso aconteça, a revisão do seu segundo resgate precisa ser concluído e as medidas de alívio de dívida, não apenas de curto prazo, mas também além de 2018, definidas.
Referindo-se a uma rixa entre credores oficiais da Grécia, a União Europeia e o FMI, sobre as metas de superávit primário após 2018, ele disse: “A Grécia mais uma vez virou palco onde interesses mais abrangentes entram em conflito”.