RIO – Ao ser lançada, em 2005, com cinco
volumes de poetas nacionais, a coleção ?Canto do bem-te-vi”, da Bem-Te-Vi
Produções Literárias, tinha uma proposta ousada: publicar apenas autores
estreantes. Onze anos depois, a série chega ao quarto lançamento (os outros
foram em 2007 e 2011) reunindo um grupo diversificado de poetas, todos com uma
trajetória já consolidada. Cinco títulos desembarcam nas livrarias ao mesmo
tempo: ?Sim?, com poemas do ex-ministro da Cultura Luiz Roberto Nascimento
escritos entre 2008 e 2014; ?Sem riscos de animais na pista?, da jornalista
Christina Autran; ?Quarenta e nove casidas e um amor desabitado?, do ?imortal?
Carlos Nejar; além de uma obra póstuma, ?Alvo?, do jornalista Cláudio Mello e
Souza, morto em 2011; e a reedição de ?Caderno de sonetos?, de Tite de Lemos,
morto em 1989.
Organizador da coleção e editor da
Bem-Te-Vi, Sebastião Lacerda diz que selecionou poetas que ?não são novos, mas
também ainda não são clássicos”, e outros que, de algum jeito, ficaram
esquecidos após a morte.
? Parece-me sempre bom recordar algumas obras, sejam romances ou mesmo poemas
? explica. ? Vale mesmo a pena dá-las a conhecer a toda uma nova geração que
corre o risco de achar que a poesia brasileira parou no concretismo ou mesmo na
chamada Geração Mimeógrafo ou ainda na Nuvem Cigana.
Os outros três livros da coleção, o de Carlos Nejar, o de Christina Autran e
o de Luiz Roberto Nascimento Silva, mostram poetas ?ativos?, diz Lacerda.
? Estão produzindo poesia da melhor qualidade ? avalia. ? Nejar publicando
bem mais do que os outros dois, pois é um artista de produção rica e constante,
característica dele. E, ainda por cima, apresentando ao público a medida
razoavelmente desconhecida entre nós, a casida.
A primeira parte do livro póstumo de Mello e Souza, ?Alvo?, é uma seleção
deixada pelo poeta e jornalista com a editora Lelia Coelho Frota, ex-diretora
editorial da Bem-Te-Vi até seu falecimento, em 2010, e idealizadora da coleção.
A segunda foi recolhida pela viúva de Mello e Souza no computador dele. Já
?Caderno de sonetos? é o penúltimo livro de Tite de Lemos, e que marcou uma
mudança brusca no estilo do poeta, segundo Lacerda:
? Trata-se de um livro que rompeu com a importante obra dele construída até
então. São sonetos com uma forma completamente diferente do que o Tite tinha
feito, o que me pareceu uma assinatura, um fecho num trabalho de vida inteira,
no momento que ele já sabia que seu tempo era pouco para voos novos, mas ele não
fugiu desse desafio. E isto aconteceu com este livro, continuou com o último,
que ele chegou a ver em provas mas não nas livrarias, o ?Outros sonetos do
caderno?…